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Novo premiê do Peru reforça setor autoritário do governo

O presidente do Peru, Alan Garcia, nomeou como primeiro-ministro o presidente do Congresso, Javier Velasquez, após a demissão do anterior chefe do Governo, Yehude Simon, na sequência dos confrontos entre polícia e indígenas que resultaram na morte de p

Velasquez é membro da mesma formação de Garcia, a Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA), representando um setor do partido mais próximo ao presidente. Até então presidente do Congresso, o novo premiê teve sua atuação à frente da instituição duramente criticada pelo perfil autoritário.

Ele terá agora como objetivo relançar um Executivo marcado por conflitos sociais e pela crise causada pela repressão policial sobre os indígenas, no mês passado, quando estes se manifestavam contra dois decretos legislativos que abriam caminho à exploração do subsolo e do petróleo nas zonas onde vivem.

Advogado, com 49 anos, Velasquez é o terceiro primeiro-ministro em três anos do Governo de centro-direita de Garcia, que, ao anunciar a nomeação, adiantou que a prioridade é agora a “luta contra a pobreza”, que afeta cerca de 36,2 por cento da população do país.

A escolha de Velásquez Quesquén representa uma mudança na estratégia de García: de uma pessoa de reconhecida vocação de diálogo que equilibrava a imagem do presidente perante a opinião pública, passa-se agora a um homem de partido, mais conservador, que devolva ao Executivo a autoridade perdida nos últimos meses.

Para o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru, Mario Huamán, o novo gabinete ''será de choque e repressão''.

Apesar de suas diferenças políticas, Simon e Velásquez Quesquén têm um ponto em comum: o interesse pela descentralização do país e um marcado toque regionalista, como demonstra o trabalho do presidente do Parlamento que potencializou sessões do Legislativo no interior do país.

Para além do primeiro-ministro, foram também substituídos sete ministros, entre os quais a polémica ministra do Interior, Mercedes Cabanillas, que negou ter responsabilidade na repressão policial de junho e que agora foi substituída pelo antigo chefe nacional da polícia, Octávio Salazar. Foram ainda nomeados novos ministros para as pastas da Defesa, Comércio, Justiça, Trabalho, Agricultura e Indústria.

Os ministros recém-empossados estão vinculados ao fujimorismo, à direita e ao empresariado, o que ratifica as alianças que sustentam García desde o início.

O Partido Nacionalista (esquerda) de Ollanta Humala, que disputou a presidência com Garcia nas eleições de 2005 e que é um dos prováveis candidatos em 2011, considerou que o novo Governo “não representa a mudança de índole econômica de que o país necessita”.

A popularidade de Garcia é agora a mais baixa desde que foi eleito, uma vez que, após um crescimento econômico que chegou a ultrapassar os 9% em 2008, os últimos meses foram marcados por um decréscimo de 2,1% na economia e por mais de 200 conflitos sociais de várias dimensões.

Com agências