Zona do Euro é fustigada pela crise
Considerando o descarrilamento fiscal de 11 dos 27 países-membros da União Européia (UE), e a expectativa de que até o final do ano outros nove descarrilarão, chega-se à triste conclusão de que a economia da UE, particularmente a de sua força-motriz —
Publicado 13/07/2009 12:44
Por um lado, está claro que o retorno do crescimento será aflitivamente lento para a maioria dos países-membros sem que haja uma urgente liberação do fluxo de recursos estatais. Por outro, está igualmente claro que as economias de muitos países-membros enfrentam situação extremamente problemática.
Diante desta tudo menos agradável realidade, os ministros da área econômica dos países-membros da UE tentaram, esta semana em Bruxelas, na Bélgica, encontrar o “corte de ouro” que lhes permita a rápida superação da derrocada de suas economias, sem colocar em risco a viabilidade da evolução econômica – a médio prazo – de seus países.
O clima que prevaleceu durante a reunião dos ministros foi descrito por um deles, que exigiu anonimato. Disse o ministro “X” que “a crise permanece. Existem dados positivos, mas em nenhum caso podemos afirmar que superamos a crise. Consequentemente, existe reserva sobre até que ponto estes dados positivos se tornarão permanentes, para que assim possamos conversar sobre o período pós-crise”.
E acrescentou: “A Comissão Européia (CE) – órgão executivo da UE – avalia que os países-membros da UE já perderam 1% do possível crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) até o final da crise. E este fato impõe também o desenvolvimento de políticas de apoio ao crescimento – particularmente, após a crise – que devem estar concentradas no impulso de mudanças corretivas para o aumento da produtividade, o apoio ao sistema bancário e o enfrentamento do desemprego”.
A presidência pro tempore sueca da UE e países com tradição fiscal “comprimida”, como Alemanha e Holanda, acreditam que na presente fase a prioridade é a contenção da tendência de endividamento, revelada por muitos países-membros da UE.
Já países com tradição contrária, como França, Hungria, Romênia e outros, avaliam que na presente fase o endividamento estatal é o preço necessário a ser pago pela tonificação dos ritmos de crescimento.
O único ponto em que os ministros concordaram em Bruxelas foi o de que as consequências sociais serão grandes, e que a tonificação da ocupação virá mais tarde pela reversão do ciclo econômico, isto é, do retorno das economias européias aos ritmos positivos de expansão econômica.
Neste clima, a fonte declarou que teve a oportunidade de esclarecer ao Conselho dos Ministros o conteúdo das recentes medidas tributárias assumidas por vários governos dos países-membros. Relatou que as medidas foram consideradas satisfatórias, e que as que serão apresentadas na próxima reunião – em outubro deste ano – terão caráter principalmente corretivo.
A fonte sublinhou novamente que a meta dos países-membros em relação aos seus problemas fiscais é conseguirem a restrição do déficit público a 3,7% de seus PIBs neste ano, e a 3% em 2010. “A meta é difícil, mas acredito que a atingiremos”, disse a fonte, destacando que seria um “recado equivocado” os países-membros com problemas fiscais tentarem conseguir adiamentos antes de fazerem o que for possível para conseguirem o saneamento fiscal em 2010.
Contudo, concluiu, as consequências da crise sobre as economias dos países mais afetados são maiores do que o inicialmente previsto. “A CE perceberá se a meta de 3% em 2010 é realmente viável”, comentou.
E anotou ainda que, se houver um pequeno desvio no déficit de 3% projetado para 2010, “acredito que a CE mostrará compreensão”.
Sobre a situação geral da economia européia, a fonte disse que a percepção que predominou no Ecofin é que não existe perigo de deflação prolongada, isto é, de redução permanente dos preços dos produtos em decorrência da crise econômica.
Já em relação aos problemas do sistema bancário, disse que o Ecofin decidiu por uma série de mudanças nos processos de recapitalização, assim como nos modelos contábeis pelos quais os balanços são compilados. Em linhas gerais, a orientação aos bancos é para que aumentem sua base de capital nos “períodos bons”.