Líderes pedem fim do golpe e da influência dos EUA na região
Condenações ao golpe de Estado e pedidos de retorno ao cargo do presidente deposto, Manuel Zelaya, em Honduras, dominaram, nesta quinta-feira (16), as comemorações do bicentenário da revolta contra o domínio espanhol que deu origem à Bolívia. Diversos
Publicado 17/07/2009 12:16
Participaram da cerimônia em La Paz – além do líder boliviano, Evo Morales – os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, do Equador, Rafael Correa e do Paraguai, Fernando Lugo. Também estavam na reunião a chanceler do governo deposto de Honduras, Patricia Rodas, o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Jorge Sierra, e representantes do Chile, da Argentina e da Espanha. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, cancelou seus compromissos em Brasília para ir a La Paz.
Em seu discurso, Correa disse que o próximo passo para os países da região é anunciar na Organização dos Estados Americanos (OEA) que não reconhecerão nenhuma eleição convocada pelo governo autoproclamado de Honduras. ''Sugerimos uma nova assembleia da OEA para deslegitimar qualquer eleição que possa ser organizada pelo governo de facto, pois a estratégia dos golpistas é ganhar tempo para chegar às eleições de novembro, lavar a cara, trocar de roupa e dizer: aqui não ocorreu nada'', afirmou Correa, defendendo que a volta de Zelaya ao poder seja ''incondicional''.
Chávez acusou o Departamento de Estado dos EUA de estar por trás do golpe após alertar para o risco de uma ''sangrenta guerra civil'' ocorrer em Honduras e se espalhar pela América Central. ''Dificilmente alguém pode acreditar que os militares hondurenhos conseguiriam dar um passo sem a luz verde desse Estado'', afirmou, em alusão aos EUA.
''Os americanos já deveriam ter retirado suas tropas de Honduras se são verdadeiras as palavras do presidente Barack Obama (de condenação ao golpe)'', completou, referindo-se à base militar dos EUA instalada em Honduras.
Segundo o líder venezuelano, Obama não teria conhecimento da participação de seu país no golpe. ''Ele está entre a cruz e a espada'', afirmou. ''Acho que não lhe informaram sobre isso.'' Os EUA suspenderam a cooperação militar com Honduras e cortaram a ajuda financeira ao país depois da deposição de Zelaya.
Patricia, a chanceler hondurenha, disse que é preciso evitar que a ''doença do golpe'' se reproduza em outras regiões do continente. ''Esse processo, que é um vírus perigoso para todos os nossos povos, nasceu em Honduras e morrerá em Honduras'', afirmou. ''Essa doença não atingirá nenhum outro povo da América.''
Críticas ao imperialismo e a Uribe
O anfitrião das comemorações, Evo Morales, foi o mais enfático nas comparações entre o colonialismo do século XIX e o imperialismo norte-americano de hoje. Ele pediu o fim da influência do Comando Sul dos EUA entre os militares da América Latina e que suas bases na região sejam rejeitadas.
''Não é possível que no novo milênio ainda haja grupos militares da América Latina que dependam do Comando Sul dos EUA. Não é possível que as Forças Armadas dos EUA dirijam um golpe de Estado'', disse o líder.
O líder insistiu em responsabilizar o Comando Sul pelo golpe de Estado em Honduras e disse ter falado com seus colegas convidados a La Paz sobre como terminar ''com essa dependência das Forças Armadas da América Latina''.
Apesar de não citar o nome do presidente colombiano Álvaro Uribe, Morales foi claro na condenação ao acordo militar com os EUA, defendido por Uribe, que permitiria que os norte-americanos utlizassem três bases na colômbia. ''Um político que aceita uma base militar dos EUA é um traidor de sua pátria'', colocou.
Com agências