Centrais sindicais reclamam do corte mesquinho nos juros
Com ligeiras nuances nos termos usados, as centrais sindicais reagiram de modo crítico à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que nesta quarta-feira (22) cortou em apenas 0,5 ponto a taxa de juros Selic. A queda foi vista como
Publicado 23/07/2009 15:21
Do presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes:
“O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou na noite desta quarta-feira (22) sua decisão de reduzir em apenas meio ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que recuou de 9,25% para 8,75%. O corte (o quinto consecutivo) reflete a forte pressão da sociedade civil e de setores relevantes do governo, o que isolou os monetaristas, mas ainda é tímido e traduz o espírito conservador que continua orientando a política monetária.
Embora tímida e insuficiente, a redução dos juros não deixa de ser uma vitória das forças progressistas e desenvolvimentistas contra a oligarquia financeira, cujos interesses colidem objetivamente com a necessidade inadiável de desenvolvimento nacional.
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) considera que o ritmo das reduções promovidas até o momento é demasiado lento e o Brasil ainda continua entre os primeiros colocados no ranking internacional do juro básico real alto, ainda superior a 4%, depois de descontada a inflação, enquanto no conjunto das 30 maiores economias emergentes é em média de 2,5% e nos países mais desenvolvidos (agrupados na OCDE) tornou-se negativo, ou seja, inferior ao índice de inflação.
A redução dos juros básicos tem um impacto extremamente positivo para a economia nacional. Os encargos da dívida interna caem com o declínio da Selic, o que abre caminho para o fim do superávit primário e a elevação dos investimentos públicos. Além disto, as taxas cobradas pelos bancos no crédito pessoal e empresarial também recuam, incentivando a produção e o consumo. Neste momento de crise e com o desemprego em alta é indispensável uma ousadia maior, ainda mais quando se sabe que a inflação não é hoje um problema sério.
Os movimentos sociais e as forças progressistas vão continuar mobilizados e pressionando para que os juros sejam fixados em patamares mais civilizados e também que a redução se estenda ao spread embutido nos empréstimos dos bancos públicos e privados, que a bem da verdade configura pura agiotagem. A CTB está convocando os trabalhadores e trabalhadas para as manifestações que ocorrerão em todo o país no dia 14 de agosto em defesa do emprego, dos direitos sociais, da redução da jornada de trabalho e do desenvolvimento nacional com soberania e valorização do trabalho.”
Do presidente nacional da CUT, Artur Henrique:
“Como sempre, o Banco Central e o Copom estão aquém dos esforços dos setores produtivos da sociedade brasileira no enfrentamento da crise. A irrisória queda na Selic anunciada hoje atende os interesses do capital especulativo, o mesmo cujas aventuras jogaram a economia internacional no impasse em que se encontra.
Voltamos a cobrar que o Conselho Monetário Nacional, que incide sobre as decisões do Copom, seja composto também por representantes dos trabalhadores e do setor produtivo em geral, como forma de incluir metas de geração de empregos e de crescimento na condução da política econômica. Esta continua sendo uma pauta de nossa Central, que ganhará as ruas, junto com os movimentos sociais, no próximo dia 14 de agosto, na Jornada Nacional Unificada de Lutas. Sempre em defesa dos empregos dos brasileiros, dos salários e dos direitos.”
Do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho):
“A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), anunciada hoje, é muito tímida. A medida frustra os trabalhadores, que ansiavam por uma queda maior, melhorando o ambiente econômico para o segundo semestre deste ano. Apesar da queda, os juros continuam em patamares proibitivos para o setor produtivo.
No atual contexto de incertezas econômicas internacionais, e seus reflexos no Brasil, o governo perdeu uma ótima oportunidade de reduzir a taxa de juros, fomentando o consumo, aumentando a produção e, consequentemente, a criação de novos postos de trabalho.
A falta de ousadia e agressividade na queda da taxa Selic tem se tornado uma trava para o crescimento e um desestímulo para a economia, para o aumento da produção e para a geração de novos postos de trabalho e renda.”
O patronato do chamado capital produtivo – ligado à produção e não ao rentisno – também reagiu em um tom basicamente crítico à nova Selic, que passou de de 9,25% para 8,75% ao ano.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, calculou o juro real em 3%, o que “induzirá o aumento dos investimentos das empresas e consumo das famílias, promovendo a retomada do crescimento tão necessária à nossa economia”. Lembrou no entanto que outros países do mundo praticam taxas de juros reais negativas ou muito próximas de zero.
A Fecomércio (Federação do Comércio de São Paulo) sublinha a necessidade dos juros baixarem não só no Copom, mas para o consumidor. “A batalha agora está no campo das administradoras de cartão, dos bancos para reduzir o spread e das financeiras e não mais no Banco Central”, afirma Abram Szajman, presidente da entidade dos comerciantes.
Da redação, com agências