Athanasios Pafilis: África é nova vítima do imperialismo
O Deputado do Parlamento Europeu e secretário-geral do Conselho Mundial da Paz, o grego Athanasios Pafilis, apontou, neste sábado (25), o continente africano como ''a nova vítima das intervenções e rivalidades imp
Publicado 27/07/2009 14:32
Segundo Pafilis, mais de quatro milhões de pessoas foram mortas no ultimo 15 anos, na África. ''A pobreza e a miséria são uma praga nesse continente que já se constitui como a nova do imperialismo'', disse, afirmando que alguns países expõem uma ''preocupação hipócrita'' com a região.
''A África foi tópico de discussão do encontro do G-8, em Rostock. Mas, por trás de tudo isso está a tentativa de controlar os recursos de produção de riquezas. A presença militar lá, com o pretexto de cuidar dos conflitos, é forte e está aumentando'', colocou o parlamentar.
Ele detalhou que o aumento de tropas militares estrangeiras no continente se deu precisamente na área que é rica em petróleo, no sub-saara. Hoje, há quatro bases francesas em Djibuti, Dakar e Gabão.
Já os Estados Unidos, informou Pafilis, mantêm presença militar em 25 países africanos. ''O último passo foi a fundação do Africom, o comando especial dos EUA na áfrica. A presença militar da França, Inglaterra e União Européis de forma geral também cresce'', colocou, afirmando que a recente visita dos presidente Barack Obama à África nada teve a ver com resgatar o passado do norte-americano.
De acordo com o secretário-geral do CMP, os conflitos na África são resultados exatamente de intervenções imperialistas, ''que encorajam movimentos secessionistas e a instabilidade, transmitindo um retrato de países imersos em conflitos éticos, regionais ou internos, para poder controlar o petróleo e o poder político nesses países por meio de presença militar''.
O deputado grego ponderou ainda sobre as ''esperanças'' depositadas em Obama. Segundo ele, o norte-americano cria ilusões. ''A forma de tratar é diferente do governo Bush, mas no fundo, eles é tudo igual'', declarou, afirmando que o jeito Obama pode até ser mais ''perigoso'', por ''desorienta as pessoas''.
Movimento pela Paz
Também participante do painel ''Solidariedade aos povos em luta'', José Ramon, do Movimento Cubano pela Paz e Soberania dos Povos (MovPaz), fez um histórico dessa luta em seu país e no mundo. Ele falou sobre a necessidade incorporar gente jovem na defesa da paz, movimento que, segundo ele, precisa de energia e dinamismo.
Ele informou que, partindo do critério de que não há paz sem soberania e desenvolvimento, Cuba tem cooperado com cerca de 100 países do mundo, em especial ajudando na formação.
José Ramon reforçou que é necessário ampliar as iniciativas de solidariedade a Honduras e classificou o golpe de Estado naquele país como um ''balão de ensaio'' dos imperialismo dos Estados Unidos na região. ''Esta é uma luta larga, difícil, possivelmente com derramamento de sangue. Precisamos desenvolver todas as iniciativas possíveis'', colocou.
De acordo com ele, nunca antes, a Organização dos Estados Americanos e as Nações Unidas tiveram uma reação tão positiva como à de repúdio ao golpe, mas destacou que há, nos Estados Unidos, uma ''dupla moral'' em relação ao caso.
''Por um lado, o presidente Obama condenou o golpe, mas, por outro, setores da direita apóiam e divulgam esse golpe. Nossa preocupação é que isso não termine em Honduras. Querem impedir que a América Latina siga rebelde'', declarou.
Secessionismo
Participaram ainda do debate o ex-ministro das Relações Exteriores da antiga Iugoslávia, Jivandin Jovanovic, e o representante do Movimento de Independência da Guiana, Jean Michel Aupount.
Jovanovic lembrou os 10 anos da Agressão à Iugoslávia. ''Este país, que servia de exemplo a outras nações, foi destruído pela força do imperialismo. Ao invés de um grande país, fizeram sete pequenos, sujeitos à dominação'', disse., afirmando que o separatismo é política recorrente para promover os interesse imperialistas.
Segundo ele, sob o pretexto da ''democratização'', os Estados Unidos importam seu modelo de vida exercendo a dominação, o que termina, ao contrário, distanciando os governos de seus povos.
Guiana: porta de agressão ao continente
Já Jean Michel começou sua intervenção afirmando que Guiana ainda permanece sob a dominação colonial da França, num estado máximo de dominação imperialista. Ele afirmou que a Guiana está localizada em uma região – junto à Venezuela e o Brasil – que possui riquezas importantes, como a área amazônica e o petróleo. E que, mais que uma colônia, a Guiana pode ser utilizada como uma porta de Agressão à América do Sul. ''É tudo isso que justifica a presença francesa'', colocou.
Ele explicou que todo o país está militarizado e há forte arsenal bélico e as forças francesas estão treinadas, inclusive, em táticas de guerrilha, e podem ser uma ameaça, em especial, à região amazônica. O local também é sede de uma base européia de lançamento de satélites.
Jean Michel afirmou ainda que, apesar de seu um país pequeno e pouco populoso, a Guiana possui grande diversidade. ''São 12 culturas diferentes, mas os direitos desses povos não são respeitados. Nem mesmo os direitos internacionais são praticados lá'', narrou, falando sobre a necessidade autonomia dessas populações.
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Do Rio de Janeiro,
Joana Rozowykwiat