Zelaya critica Hillary e repressão aumenta em Honduras
O presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, criticou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton por ter deixado de falar em “golpe de Estado” e por perder firmeza na condenação dos golpistas. Zelaya exige uma clarificação da posição dos EUA,
Publicado 27/07/2009 17:46
Há relatos de tortura e assassinato de um manifestante e de que os militares barram a ajuda humanitária.
Manuel Zelaya rejeitou o convite de Hillary Clinton para abandonar a zona de fronteira com as Honduras e participar numa reunião nos EUA. “Não posso abandonar os hondurenhos, não há mais nada a negociar, os golpistas teimam em não aceitar as propostas da comunidade internacional” referiu Zelaya.
“O que eu espero é que os EUA sejam fortes e firmes e que clarifiquem a sua posição em relação ao governo golpista, porque das últimas declarações desapareceu o termo “golpe de Estado”, quando ao princípio usaram-no”, acrescentou Zelaya, para quem “Hillary Clinton ao princípio foi firme; agora sinto que já não denuncia nem actua contra a represão que sofre as Honduras”.
Zelaya considera que Hillary “deve denunciar a repressão, a violação dos direitos humanos e da liberdade de imprensa, todas as perseguições e as prisões ilegais”.
Repressão aumenta
Zelaya continua estacionado na Nicarágua, a poucos quilômetros da fronteira com Honduras. Centenas de manifestantes tentam chegar à zona fronteiriça para apoiar o presidente hondurenho, mas a repressão do exército tem obrigado muitos a fugir.
Há relatos de que o exército hondurenho está recrutando grupos paramilitares nas montanhas para assassinar manifestantes. Por outro lado, muitos dos apoiantes de Zelaya chegam à zona de fornteira com fome e sede. A cruz vermelha tenta ajudar mas muito do apoio humanitário é retido pelos militares.
Confirma-se também a morte e tortura do jovem apoiante de Zelaya, Pedro Munoz, que se manifestava na última sexta-feira contra o golpe de Estado. O seu corpo foi encontrado na manhã de sábado junto a uma barreira policial, com os dedos fracturados e 42 feridas, 35 delas nas costas.
Os ataques à liberdade de imprensa prosseguem. A relatora especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Iteramericana de Direitos Humanos (CIDH), Catalina Botero, garante que em Honduras se vivem “formas permanentes de exclusão e censura” contra meios de comunicação e jornalistas.
“Há encerramentos de órgãos de informação e jornalistas intimidados e outros expulsos, a situação é extremamente preocupante”, acrescentou Catalina Botero.
Impasse no plano de Oscar Arias
Por outro lado, o plano de entendimento promovido pelo presidente da Costa Rica e prêmio Nobel da Paz Oscar Arias, que foi ao início aceito por Zelaya mas recusado pelo governo golpista, parece ter agora a concordância das Forças Armadas hondurenhas que emitiram um comunicado nesse sentido.
O plano de Arias prevê o regresso imediato de Zelaya às Honduras, a formação de um governo de unidade e reconciliação nacional, a antecipação da data das eleições, a inexistência de qualquer referendo para formar uma assembleia constituinte que altere a constituição e uma anistia geral para os golpistas.
À excepção do primeiro, todos os outros pontos são recusados pela Frente Nacional Contra o Golpe de Estado nas Honduras. Inversamente, o governo golpista aceita todos os pontos menos o primeiro.
Só Manuel Zelaya mostrou concordância com a proposta de Oscar Arias por ser “o acordo possível”, e ao que tudo indica as Forças Armadas aproximam-se agora também desta posição.
Com informações do esquerda.net