Bolsa-Família para mulheres negras e índias será analisado

A maneira como os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, atingem as populações de mulheres negra e indígena do Brasil, Bolívia, Paraguai e Guatemala começará a ser pesquisada neste ano. A ação vai verificar a dinâmica das relações de gênero e etnia/cor nas políticas sociais direcionadas para a redução da pobreza, a estrutura dos serviços públicos e a forma como os beneficiários dos programas acessam os principais serviços sociais.

“Precisamos saber o quanto as mulheres negras e indígenas estão sendo beneficiadas pelos programas de redução de pobreza. Embora não tenham sido desenhados como políticas de ações afirmativas, esses programas atingem majoritamente as populações negras e indígenas, que são as mais vulneráveis à pobreza por causa da ação combinada do racismo e sexismo”, diz Maria Inês Barbosa, coordenadora do programa de Gênero, Raça e Etnia do UNIFEM.

A série de pesquisas Retrato das Desigualdades se propõe a gerar dados para as políticas públicas de gênero e etnia/cor. O estudo será desenvolvido pelo UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), IPC-IG (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo) e organismos governamentais de políticas sociais.

Dinâmica familiar

Para Tereza Cotta, da Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a proposta do UNIFEM e IPC-IG cobre uma lacuna em relação aos indicadores de gênero e etnia/cor do programa Bolsa Família. “Temos grande expectativa para a produção de informação na temática de gênero e raça e em saber como o programa interfere na dinâmica familiar. É preciso conhecer mais para melhorar o desenho da política. É realmente um acerto de percepção”, afirmou.

De acordo com Fábio Veras, do IPC-IG, a população de rua também pode ser incluída nos estudos dos programas de transferência de renda. “Não há outros programas que incluam a população de rua, por isso mesmo a experiência brasileira é inovadora”, disse Veras.

Fonte: Unifem