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Sarney diz que esclarecerá denúncias nesta quarta, em plenário

Depois de ouvir em plenário apelos de senadores da oposição para que se afaste da presidência do Senado, o senador José Sarney (PMDB-AP) optou pelo silêncio. Sentado na cadeira de presidente, o peemedebista disse apenas que vai realizar discurso nesta quarta-feira (5) para esclarecer as denúncias contra ele que provocaram a crise política na instituição. ''Amanhã ocuparei a tribuna e terei a oportunidade de responder ao discurso de Vossa Excelência'', disse Sarney em resposta ao líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

O senador não marcou horário para o pronunciamento, mas disse estar disposto a falar no plenário da Casa. ''Vou ocupar a tribuna como senador, não como presidente, por isso não posso dizer a hora exata em que ocuparei a tribuna, já que tenho que obedecer a hora de ser chamado, de acordo com os trabalhos da Casa'', disse.

Eduardo Suplicy (PT-SP) chegou a sugerir que Sarney se explicasse no Conselho de Ética da Casa, mas o peemedebista disse que o local adequado será o plenário do Senado.

Virgílio ocupou a tribuna da Casa nesta terça-feira (4) para reiterar o pedido de afastamento de Sarney. Por quase meia hora, apresentou argumentos para que o peemedebista reveja sua decisão de se manter no cargo. O líder do PSDB pediu que Sarney se ''case'' com a sua biografia renunciando à presidência do Senado.

''Senador Sarney, case-se com a sua biografia. Esse mandato de presidente do Senado não representa nada. Vossa Excelência já foi presidente duas vezes, governador, presidente da República. Vossa Excelência tem uma volta por cima a dar, que não é da truculência, da prepotência, de calar quem quer que seja. Vossa Excelência tem uma forma de se casar com a sua biografia, que é atender a ponderáveis partidos que clamam pelo seu afastamento para que se comece a pensar em soluções verdadeiras'', disse o tucano.

O senador tucano também é acusado de várias irregularidades e o PMDB já avisou que se continuar a atacar José Sarney, Virgílio será alvo de representações no Conselho de Ética por parte da bancada peemedebista.

Antes de Virgílio, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também pediu que Sarney renuncie ao cargo como alternativa para o fim da crise do Senado.

''Se ficarmos aqui a nos digladiar, com confrontos emocionais, com gente que tem coragem demais e gente que tem coragem de menos –eu sou daqueles que está incorporado no contingente dos que têm de menos–, eu quero dizer que não vamos a lugar nenhum. Não vai ser apenas um naufrágio do presidente do Senado. Vai ser um naufrágio do Senado inteiro, da instituição'', disse.

Mais cedo, senadores da oposição se reuniram para tentar produzir uma nota pedindo formalmente o afastamento de Sarney. Algumas agências de notícias chegaram a dizer que o PT participaria da iniciativa. Mas o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), disse à Agência Estado que a bancada de senadores do PT não endossará a proposta feita pela oposição. Segundo Mercadante, ''não há identificação'' para o PT assinar uma proposta feita pelo PSDB e pelo DEM, embora a posição da bancada petista seja pelo afastamento temporário de Sarney do comando do Senado.

Mudança de tom

Apesar das cobranças para que Sarney deixe o cargo, os senadores da oposição adotaram um tom de cautela nas cobranças. Depois do bate-boca protagonizado pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) nesta segunda-feira, os oposicionistas decidiram adotar um discurso duro, mas sem ofensas pessoais a Sarney e seus aliados.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que discussões fazem parte da política, mas não podem ser transformadas em briga de rua. ''Temos que ter tranquilidade e cabeça fria para colocarmos a Casa nos eixos e tratar das questões políticas com responsabilidade. É pela política que se resolve essas questões. Enquanto for briga política, faz parte da democracia, agora só não pode virar briga de rua. São agressões de parte a parte que não levam a nada'', afirmou.

Jucá participou da reunião de líderes do governo e da oposição que avalia a estratégia do PMDB de partir para o ataque e não deixar sem resposta as acusações contra Sarney. Portador de uma nova mensagem do governo, Jucá comunicou a mudança de posição do Planalto de não mais interferir na crise. ''O governo não vai interferir nos assuntos do Senado'', comunicou aos demais participantes.

Da redação,
com agências