Mantega: bancos privados vão comer poeira se não seguirem BB
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o desempenho semestral do Banco do Brasil (BB) e disse que a instituição financeira acertou em cheio na estratégia de aumentar a oferta de crédito a baixas taxas de juros. Na avaliação do ministro, os bancos controlados pela iniciativa privada deveriam seguir o mesmo caminho do BB, sob risco de "comerem poeira" com a performance da instituição pública.
Publicado 14/08/2009 12:38
"Os bancos públicos tomaram mercado dos bancos privados. É bom que os bancos privados se acautelem porque senão vão perder mais mercado porque os bancos públicos estão atuando com mais eficácia. Se (os bancos públicos) não seguirem o exemplo, vão comer poeira", declarou o ministro.
O Banco do Brasil fechou o segundo trimestre de 2009 com lucro líquido de R$ 2,348 bilhões, um crescimento de 42,8% na comparação com igual período do ano passado. O número inclui o efeito de eventos não recorrentes, como a receita de R$ 1,4 bilhão com a venda de parte das ações que o grupo detinha na administradora de cartões VisaNet. Com o desempenho, o BB supera o Itaú Unibanco na liderança no ranking bancário nacional por ativos.
De acordo com Mantega, a ampliação da oferta de crédito feita pelo BB não significou um aumento do nível de inadimplência dos tomadores de empréstimo, o que, para ele, afasta a possibilidade de o BB ser criticado por eventualmente atuar com "irresponsabilidade".
"Esse aumento de crédito do BB se dá com um nível de inadimplência menor que a média do setor financeiro. Portanto, não há nenhuma irresponsabilidade sendo cometida. Esse desempenho se dá dentro dos padrões de eficiência e responsabilidade. Isso mostra como estava certa esta estratégia que pusemos em prática com os bancos públicos brasileiros e é uma lição para os bancos privados", declarou.
Crédito
"Os bancos privados deveriam aprender que é melhor você lucrar dando mais crédito do que com aumento taxa de juros. Os bancos privados insistem em manter taxas de spread elevadas. Estão equivocados e não estão contribuindo para a retomada da economia. Deveriam seguir o exemplo dos bancos públicos", salientou o chefe da Fazenda.
Para Mantega, o Banco do Brasil adotou estratégia de ser mais agressivo na busca de novos clientes, ainda que em meio à crise financeira mundial, e, com isso, foi um dos principais atores responsáveis pela retomada do crédito no mercado interno brasileiro.
"O BB conseguiu esse lucro aumentando o volume de crédito.
O BB foi um dos que mais aumentou o volume de crédito. No ano passado, quando começou a crise, até julho, os bancos que mais aumentaram crédito foram os bancos públicos. Eles adotaram essa estratégia de serem mais agressivos no crédito, de liberarem mais crédito e foram em busca de clientes e reduziram as taxas de juros.
Comentários
Foram os principais responsáveis pela recuperação do crédito da economia. O crédito dos bancos públicos cresceu 25% nesse período contra 2,5%, 3% dos bancos privados. São responsáveis pela recuperação rápida da economia", disse o ministro."Estou muito satisfeito com esse resultado, os empresários estão animados e acreditando que o Brasil é um dos países que saem melhor da crise. Alguns países estão saindo, mas saem abalados e enfraquecidos, tendo de administrar um déficit fiscal muito elevado", completou.
Mantega confirmou ainda que passou a operar o Fundo Garantidor do BB para contemplar pequenas e médias empresas com crédito."Houve um aporte do Tesouro ontem e (o fundo) está em condições de operar. É operado pelos bancos, BNDES e BB e bancos privados também participam. Vamos integralizar até R$ 4 bilhões", disse. Por ora, o Tesouro já fez aporte de R$ 500 milhões e o BNDES, mais R$ 100 milhões.
O ministro também rebateu comentários feitos nesta semana pelo presidente do Itaú Unibanco de que algumas taxas de juros praticadas por bancos públicos não eram sustentáveis."Roberto Setubal se equivocou, falou antes de ver o resultado do Banco do Brasil, cometeu um erro grave", disse o ministro."(Os bancos privados) deveriam seguir o exemplo do BB", acrescentou Mantega.
Com agências