UNE 30 anos: atuação é destacada em sessão especial na AL-BA
“Não podíamos deixar de fazer um registro desse evento histórico justamente aqui na Bahia”, destacou o deputado estadual Javier Alfaya (PCdoB), vice-presidente da Frente Parlamentar por Direitos e Políticas Públicas para a Juventude e um dos proponentes da sessão especial em homenagem aos 30 anos de reconstrução da União Nacional dos Estudantes – UNE, na manhã desta sexta-feira (14/08), na Assembléia Legislativa.
Publicado 14/08/2009 19:20 | Editado 04/03/2020 16:20
Diante de um plenário tomado por ex-diretores da entidade, professores universitários, estudantes, movimentos sociais da juventude, membros do antigo Comitê Brasileiro pela Anistia e do Comitê da Amazônia, Alfaya destacou a representatividade da UNE na sociedade brasileira e na vida pública do país. “A UNE é umas das mais brilhantes organizações do país, porque tem 70 anos e, ao mesmo tempo, consegue manter-se muito jovem. Participa de grandes campanhas nacionais, seja em defesa da Petrobras, seja se posicionando a favor da paz na América do Sul e contra a implantação de bases estrangeiras, seja defendendo o pré sal. Enfim, é uma entidade que marcou tanto em épocas importantes do Brasil e que merece o respeito de todos”
Retornando aos idos dos anos de 1979, quando Salvador foi palco do Congresso da Reconstrução que pôs o fim aos 13 anos de ilegalidade impostos à instituição pelo Governo Militar, a UNE era fundamentalmente a única entidade representativa do movimento estudantil. “Tenho certeza que o Congresso e a geração da década de 70 ajudaram a formar a juventude de agora; mas essa geração de agora também tem as suas bandeiras e o seu jeito próprio de fazer política”, ressaltou o ex-presidente da UNE, Rui César, presente à mesa de debates da AL-BA na sessão desta sexta-feira.
Com o processo de reabertura democrática, outras organizações ganharam corpo e reassumiram novos e antigos espaços de representação nas esferas da sociedade, a exemplo dos próprios partidos políticos, as centrais sindicais e os movimentos sociais diversos. “Alguns cobram, erradamente, que a UNE seja o que foi em 62, 63, por exemplo, e não se pode comparar os períodos históricos. Hoje, é mais uma organização entre as outras igualmente importantes, e que joga um papel de destaque nesse processo de mudança que estamos vivendo”, defendeu o deputado do PCdoB.
Reforma Universitária
De fato, em consonância com as reivindicações do movimento estudantil contemporâneo, a UNE é autora de uma proposta de Reforma Universitária em tramitação no Congresso, em defesa da qualidade do ensino, ampliação de vagas, democratização do acesso e assistência estudantil, entre outros pontos. “A principal mudança com a Reforma é que a educação deixa de ser uma política de governo e se torna uma política de Estado, que passa a assumir a obrigação com a educação, fazendo a expansão e a valorização do ensino público através de políticas afirmativas, e compreendendo a importância da assistência estudantil como forma de combater a evasão dos estudantes”, pontuou a secretária estadual de Juventude do PCdoB, Danielle Costa, uma das integrantes da mesa na sessão, ao lado do presidente do Conselho Estadual de Juventude – Cejuve, Juremar Oliveira, e do reitor da UFBA, Naomar Almeida; entre outros.
A política de assistência estudantil também foi destacada pelo presidente do Cejuve. “A universidade tem que deixar de ser elitizada e só destinada a alguns setores. E para garantir o acesso dos trabalhadores, estudantes de baixa renda e os negros, além de ampliar o número de vagas, o Estado precisa assegurar os meios para que o estudante se mantenha na universidade”, defendeu. “É através do acesso ao ensino superior que se forma jovens capazes de interferir, de forma concreta, na realidade social das suas comunidades de origem”, reiterou Oliveira.
A sessão ainda contou com uma projeção de fotografias do livro “Encontro na Bahia”, a única obra publicada sobre o Congresso da Reconstrução. O salão da Assembléia também recebeu uma exposição com painéis do acervo do Centro de Memória da Juventude, do Rio de Janeiro, contando a história da UNE. A mostra traz textos, fotografias e ilustrações do movimento estudantil, desde 1937 até os dias atuais. “Já existem mais onze locais agendados por onde a mostra irá circular, a exemplo dos campis da UFBA, Uneb, Universidade Católica e Unime. A intenção é fazer com que circule bem por toda Salvador e toda a Bahia até o final de dezembro”, adiantou Javier Alfaya, responsável por trazer o projeto para o estado.
De Salvador,
Camila Jasmin