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Protesto operário impede privatização de siderúrgica chinesa

As autoridades da província chinesa de Henan ordenaram neste domingo (16) a imediata suspensão do processo de privatização de uma siderúrgica, depois de uma manifestação de massa de 400 trabalhadores da indústria. O Comitê Provincial do Partido Comunista da China (PCCh) e o governo da província tomaram a decisão para acalmar os operários da Companhia de Ferro e Aço Linzhou, sediada em Anyang, que protestaram contra a compra da empresa pela Fengbao.

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A Fengbao, privada, oferecera 259 milhões de yuans (US$ 38,1 milhões) pela siderúrgica, em leilão realizado no último dia 24. Perto de dois terços deste total já tinham sido pagos. Um funcionário do governo de Puyang prometeu à Fengbao que essa parcela será devolvida ainda em agosto.

A reestruturação da Linzhou foi confiada a uma equipe chefiada por Sheng Guomin, vice-secretário do Comitê do PCCh na cidade de Puyang, em substituição ao coordenador inicial, um quadro de nível inferior, encarregado da aplicação da lei na mesma cidade. As autoridades também exigiram que a siderúrgica retome a produção o quanto antes.

"As questões relativas ao futuro da Linzhou e seus trabalhadores deveriam ter sido decididas entre os empregados da usina", diz o documento que concretiza a decisão. O texto diz também que a Fengbao não devia ter interferido nos assuntos internos da unidade enquanto todos os problemas da reestruturação não estivessem resolvidos.

Até que a Linzhou volte a produzir, cada operário receberá um subsídio mensal de 550 yuans (US$ 81).

Sheng Guomin garantiu no domingo que o grupo de trabalho liderado por ele terá a tarefa de "pedir a opinião dos trabalhadores sobre a reestruturação e os rumos a serem tomados pelo desenvolvimento da Lanzhou".

Um total de 400 trabalhadores, com seus familiares, concentrou-se na manhã de s®abado diante do complexo siderúrgico da Lanzhou, para exigir o cancelamento da privatização. Eles também reivindicaram maiores indenizações aos demitidos e providências quanto aos salários não pagos durante o processo.

O protesto de sábado deu continuidade a outra manifestação de massa ainda maior, que começou na terça-feira, perto da usina, e terminou às 3 horas da madrugada, com a participação de 3 mil pessoas.

Fundada em 1969, a Lanzhou possui 5.122 funcionários, incluindo os aposentados. Os trabalhadores na ativa são 2.995. A siderúrgica produz cerca de 400 mil toneladas de ferro em lingotes por ano, além de 100 mil toneladas de cimento. É a única usina chinesa a produzir ferro com baixo teor de titânio.

A indústria interrompeu suas atividades devido a problemas como falta de recursos, queda das vendas e dificuldades para atender aos padrões ambientais fixados pelo governo. A unidade fabril fica na cidade de Anyang, mas sua gestão compete às autoridades de Puyang, que compreende uma área da primeira.

A reestruturação da usina, feita em nome de um modelo de funcionamento mais mercantil, começou em agosto do ano passado, com a aprovação do governo de Puyang. Em março a usina suspendeu todas as suas atividades e mandou os trabalhadores para casa.

Em duas ocasiões os operários cortaram acesso de veículos à indúistria, tentando deter a reestruturação, mas a medida de pressão não deu resultado. Muitos dos funcionários avaliam que o valor real da empresa sobe a 330 milhões de yuans e ela foi subvalorizada por ocasião do leilão.

Os trabalhadores também afirmam que a Fengbao tem fama de atrasar os salários e não pagar os direitos trabalhistas de seus funcionários.

Fonte: Diário do Povo Online