Sem categoria

Grupo de Lina acaba de ser derrotado em eleição no Unafisco

Embora a Receita Federal seja alvo neste momento de todas as atenções midiáticas, devido a uma suposta rebelião de seus funcionários em desagravo à ex-secretária Lina Vieira Machado, apenas o Valor Econômico publicou, nesta quarta-feira (26), a notícia: o grupo de Lina foi derrotado, duas semanas atrás, nas eleições para o Unafisco, o Sindicato Nacional da categoria. A diferença foi a maior em 20 anos de existência da entidade, informa o jornal.

Veja a íntegra da reportagem do Valor Econômico:

O grupo demissionário ligado à ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira Machado é o mesmo que foi derrotado nas eleições para o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, o Unafisco, que representa mais de 13 mil auditores fiscais do país. As eleições ocorreram nos dias 11 e 12 deste mês e seu resultado foi marcado por uma diferença de 2.228 votos, a maior da história da entidade, fundada em 1989. A chapa vitoriosa obteve 55% dos votos, contra 38% da segunda colocada, a qual Lina é ligada. O presidente da entidade, Pedro Delarue, foi reeleito ao cargo para o biênio 2009/2011.

A ex-secretária chegou a tirar fotos com o candidato da oposição, José Cazumba, que, assim como ela, também é do Rio Grande do Norte. Cazumba é o chefe da seção da Unafisco do Estado e, à semelhança de Lina, também acredita que a Receita esteja sob forte interferência política. Quando Lina foi demitida, organizou um jantar em seu desagravo.

A chapa vitoriosa teve sua votação concentrada no Sul do país, já que boa parte dos seus simpatizantes era de paulistas e fluminenses. Delarue, por exemplo, é do Rio. A chapa que Lina apoiou era mais concentrada no Nordeste do país.

"Foi uma campanha muito aguerrida e até diria com acusações injustas. Não apreciei o nível", afirma Delarue. Não relaciona, porém, as demissões e exonerações com o processo eleitoral: "Não acho que se relaciona. Esse processo foi detonado depois das eleições do Unafisco para que não houvesse contaminação das eleições. Mas claro que quem perde eleição, perde força e cacife para se manter no cargo".

O grupo de Delarue foi formado em 2004 como uma dissidência do grupo integrado hoje por Lina e os demissionários. "Na minha opinião, eles fazem um sindicalismo atrasado, de enfrentamento, e nós defendemos mais negociações e que a greve seja a última instância. A Receita ficou caracterizada pela sucessão de greves e entendemos que o caminho não é esse", diz Delarue.

Seu grupo disputou as eleições pela primeira vez em 2005, mas perdeu. Nas eleições seguintes, em 2007, foram eleitos. Apesar de defender o caminho da negociação antes da greve, foi em sua gestão em 2008 que a categoria enfrentou a maior paralisação da história. Sobre isso, ele diz que a negociação existiu tanto antes como depois da greve.

Filiado ao PT, mas "não militante", Delarue diz que as substituições que a Receita vem fazendo devem ser entendidas como normais e técnicas. Guilherme Cazumba, não foi localizado.

 

O site do unafisco (www.unafisco.org.br) informa os resultados da votação para a Diretoria Executiva do Sindifisco Nacional.
A Chapa 1 – Opinião e Unidade – venceu as eleições com 7.198 votos (55%);
A Chapa 2 – Construção Sindical – obteve 4.970 votos (38%);
A Chapa 3 – Renovar – teve 837 votos (6%).
O resultado foi divulgado na noite dessa segunda-feira (24).

Vitorioso em meio a uma saraivada de denúncias e versões que abriu uma crise na Receita, Pedro Delarue explicita sua posição sobre os pedidos de demissão conjunta de pessoas ligadas a Lina com cargos de confiança no órgão: "Foi uma jogada política, uma tentativa de colocar o governo na parede, buscando permanecer nos cargos", disse Delarue.

O site do Unafisco reporta também a última coletiva do novo secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, dissociando-se nitidamente da versão predominante na mídia. Veja o que foi publicado:

Cartaxo reafirma caráter técnico da RFB

Durante coletiva de imprensa realizada na noite desta terça-feira (25) para o anúncio de novos nomes para a cúpula da RFB (Receita Federal do Brasil), o secretário da Receita, Auditor-Fiscal Otacílio Cartaxo, criticou a politização em torno da mudança de nomes em cargos de comando do órgão e destacou o caráter técnico do órgão. "A Receita Federal tem em torno de si uma rede de proteção contra qualquer interferência política ou indesejada. Todas as unidades operam normalmente. Considero um erro se politizar uma questão rotineira que é a substituição de cargos de confiança", disse.

Ao reafirmar a posição da RFB como órgão “eminentemente técnico”, Cartaxo destacou também que permanece inalterada a fiscalização feita pelo órgão aos grandes contribuintes. “Nossa fiscalização aos grandes contribuintes continua inabalável. Nosso acompanhamento permanece o mesmo, baseado em critérios objetivos e impessoais. Não há ingerência política de qualquer natureza para proteger grandes contribuintes”, afirmou o secretário.
 

Da redação, com agências