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Amorim justifica compras militares para 'defender pré-sal'

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu nesta segunda (7),as aquisições de submarinos e helicópteros que o Ministério da Defesa está fazendo junto à França. O ministro, que participou da festa do 7 de Setembro, citou a descoberta de petróleo na camada do pré-sal para justificar a compra.

Segundo Amorim, é necessário equipar as Forças Armadas, porque "proteger o pré-sal é importante". O ministro disse ainda que as compras são relevantes principalmente porque há transferência de tecnologia para o Brasil.

O acordo para a compras de helicópteros e submarinos franceses será assinado neste domingo, 7, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, da França, que assistiu, nesta manhã, ao desfile comemorativo do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios, como convidado especial do governo brasileiro.

Os acordos totalizam 8,6 bilhões de euros (R$ 22,6 bilhões). A compra de 36 aviões de caça para a Força Aérea Brasileira, um negócio estimado em US$ 7 bilhões, também foi anunciada pelos doi s presidentes.

Maior força naval da América Latina

O acordo de cooperação militar entre Brasil e França dá início a um ambicioso programa de reaparelhamento das forças armadas brasileiras e permitirão que o Brasil tenha, até 2020, a maior e mais poderosa força naval da América Latina, equipada com submarinos, fragatas, navios leves, corvetas – um volume estimado em 35 unidades – além de mísseis de longo alcance, torpedos, aviões e helicópteros de tecnologia avançada. A expectativa é de que em dez anos o primeiro submarino de propulsão nuclear, com 100 metros e 6 mil toneladas, já esteja pronto, e também definido o cronograma de uma segunda unidade.

O pacote envolve a compra e a produção de quatro submarinos convencionais, da classe Scorpéne, de 1.800 toneladas, mais a parte não nuclear de um modelo de propulsão atômica. As operações estão associadas à construção de um novo estaleiro e uma base operacional. Essa fase vai custar cerca de R$ 20 bilhões, com desembolso até 2024.

Do ponto de vista estratégico, haverá uma 2ª Esquadra, na Foz do Amazonas. A 1ª EsQ fica no Rio. Foi criada na administração do presidente Floriano Peixoto há cerca de um século.

"A Marinha revitalizada será um grupamento articulado e orgânico, destinado a garantir a negação do uso do mar a presenças hostis, ilícitas, e a promover efeito dissuasivo. Não estamos interessados em projetar poder", diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O novo desenho da Força, com mais bases e batalhões ribeirinhos, foi anunciado pelo ministro semana passada no Congresso.

O estaleiro francês DCNS, o dono do projeto Scorpène, terá como parceiro local o grupo empresarial Odebrecht Engenharia. A entrega do primeiro navio está prevista para 2014. Uma empresa mista (Marinha, 1% mais golden share; DCNS, 49%; Odebrecht 50%) fará o gerenciamento.

A próxima etapa, ainda sem prazo de execução, do Plano de Equipamento e Articulação (PEA), a que o Estado teve acesso, contempla a compra de seis a oito navios de escolta, fragatas de 6 mil toneladas com desenho que necessariamente incorpore tecnologia de furtividade e permita receber sistemas de armas, sensores e recursos eletrônicos.

A operação é semelhante ao programa F-X2, por meio do qual a Força Aérea está selecionando os novos caças de alta tecnologia. O método é de escolha direta, por meio do qual ofertas podem ou não ser aceitas e determinadas empresas são solicitadas a apresentar propostas.

Os primeiros contatos começaram em 2008. O estaleiro espanhol Navantina, o americano Northrop-Grumman Ship, o japonês Hyundai, o alemão Blohm-Voss e o francês DCNS estão dispostos a participar. Todos aceitam, embora ainda informalmente, as cláusulas mais sensíveis: a compra de um projeto de navio que esteja em operação, a obrigação de execução no País e a reforma do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro para comportar o empreendimento.

O Comando da Marinha está mantendo o programa de contratação de até 27 navios leves, de patrulha. Deslocando 500 toneladas e armados com dois canhões, custam, cada um, R$ 44 milhões. Seis foram encomendados ao estaleiro Inace, do Ceará. Levam 27 tripulantes e têm autonomia de 4,5 mil quilômetros. "É um bom meio de a Força estar presente nas proximidades das plataformas de petróleo", afirma o ministro Jobim.

Com agências