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Bolívia: promessas de candidatos da oposição repetem Evo Morales

Na Bolívia, oito partidos e coligações entraram na corrida eleitoral, mas a maioria repete as propostas do presidente e candidato à reeleição, Evo Morales. As plataformas de governo falam sobre autonomia, unidade do país, combate à corrupção e transformação produtiva, entre outros assuntos.

No dia 6 de dezembro, serão realizadas as eleições gerais, o que dará início à total aplicação da nova Constituição Política do Estado (CPE), promulgada em fevereiro deste ano. As promessas eleitorais dos candidatos contemplam as novas diretrizes apresentadas pela atual administração. Até mesmo quem foi contra as mudanças promovidas por Morales, agora as introduziu no discurso de campanha.

Durante uma entrevista coletiva no Palácio do Governo, o presidente Evo Morales convocou a sua militância e os setores da sociedade que o apoiam para que permitam que as organizações e os setores políticos possam expor os seus programas em todo o território nacional.

Controle do Parlamento

O coordenador de campanha do Movimento ao Socialismo (MAS), Rubén Santos, explicou a Terra Magazine que o seu principal objetivo é conseguir controlar o Parlamento Nacional. Somente dessa forma poderão "ser atendidas muitas demandas do povo". O MAS apresentou como candidatos à presidência e vice-presidência os atuais governantes, Evo Morales e Álvaro García Lineras, respectivamente.

Entre os principais eixos da sua proposta está a implementação das autonomias departamentais, regionais e indígenas, a eleição democrática das autoridades do sistema judicial e o seguro-saúde gratuito para toda a população. O MAS também pretende levar adiante o seu projeto de moradia, que teve "percalços e deficiências" na presente administração presidencial.

Santos afirmou que um aspecto fundamental da sua proposta é o combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito mediante a aprovação da Lei Marcelo Quiroga Santa Cruz. Segundo ele, isso já foi demonstrado nos processos abertos contra as pessoas que cometeram crimes no exercício do seu cargo público.

Respeito à CPE

René Joaquino, candidato pela Aliança Social (AS), pretende "fortalecer o espírito da nação boliviana mediante ações de unidade nacional em atividades cotidianas de ordem social, política, econômica, institucional, organizacional e partidária".

Joaquino, que tem como companheiro de chapa o pastor evangélico Carlos Suárez, também fala sobre "a unidade dos contrários e o complemento dos diferentes, assumindo a diversidade social, sociocultural e regional do país, demonstrada no pluriculturismo e multilinguismo". Essa é a tese de Filemón Escobar, mentor de Evo Morales, com quem trabalha de forma estreita.

O candidato, que também é prefeito da cidade de Potosí, declarou que incorporou ao seu projeto de governo o respeito à CPE, "embora sejamos contrários a sua aprovação", e à "plena liberdade de imprensa, de informação, de pensamento e de expressão em todos os níveis do cotidiano social, o que inclui política, economia, ideologia, cultura e religião".

Oportunidades econômicas

O programa de governo da União Nacional, que tem como candidatos à presidência e vice-presidência, respectivamente, o empresário Samuel Doria Medina e o ex-trabalhador e operário de fábrica Gabriel Helbing, tem como visão de país "uma Bolívia de unidade, democrática e produtiva", disse Carlos Hugo Laruta, porta-voz do partido.

Doria Medina também apresenta projetos de moradia e saúde universal, autonomia "com unidade e emprego" e instituições democráticas sólidas. A ênfase, no entanto, é dada ao subprograma de oportunidades econômicas e à segurança da população.

Mais "transformações"

O candidato do Projeto Progresso para a Bolívia – Autonomia para a Bolívia (PPB-APB), Manfred Reyes Villa, apresentou ao OEP o seu projeto de governo, o qual traz como eixo a transformação moral, produtiva, econômica, ambiental, social e autônoma. Ex-governador do departamento de Cochabamba, Reyes Villa foi destituído, em agosto do ano passado, por um referndo popular.

Ele escolheu para ser seu candidato a vice-presidente o ex-prefeito do Departamento de Pando, na região amazônica, que está detido na prisão de San Pedro devido ao massacre da aldeia de Porvenir, que aconteceu em 11 de setembro de 2008, quando pelo menos 18 camponeses morreram em uma emboscada.

A coligação Bolívia Democrática (BSD) – Nova Geração, que apresentou como candidato à presidência e vice-presidência Rime Choquehuanca e Nora Castro Retamozo, também tem como proposta a erradicação da corrupção, assim como "das despesas inúteis na administração dos órgãos e instituições do Estado" e a pobreza.

Entre outras propostas, encontra-se a entrega de terras tanto a agricultores quanto a citadinos. Esse também é o eixo de governo do setor Povos pela Liberdade e Soberania (Pulso), cujos candidatos são os índios Alejo Véliz Lazo e Pablo Valdez Molina.

O candidato do setor Gente, Román Loayza, ex-militante do MAS que está acompanhado por Porfirio Quispe, apresentou a proposta de geração de compromissos nacionais por emprego, igualdade, um novo modelo econômico e social, pela democracia radical e em defesa dos direitos fundamentais.

Finalmente, o Movimento de Unidade Social Patriótica (Muspa), cujos candidatos à presidência e vice-presidência são, respectivamente, Ana María Flores e Guillermo Núñez del Prado, propõe-se a trabalhar em favor da unidade, integração e paz social na Bolívia dentro de um Estado plurinacional, livre, independente e soberano.

Favoritismo de Evo

Para alguns analistas, o MAS, de Evo Morales, e o PPB-APB, de Manfred Reyes Villa, vão polarizar o voto da população nas eleições do dia 6 de dezembro. A maioria, contudo, avalia que há pouquíssimas chances de o presidente não se reeleger. A opinião ganhou ainda mais força após consolidada a fragmentação da oposição, que se acentuou nos últimos três anos.

Da Redação,
Com informações de Terra Magazine