Caravana da Anistia chega em SP e julga 14 processos
Aprender com os próprios erros e acertos é o pensamento seguido por Antonio Carlos Fon, combatente da ditadura militar, ex-preso e torturado e um dos organizadores do primeiro ato público pela anistia no Brasil. O jornalista é um dos 14 paulistas que terão os requerimentos julgados nesta sexta-feira (11), em São Paulo, durante a 27ª Caravana da Anistia. A sessão de julgamento, realizada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, ocorre às 14 horas, no Memorial da Resistência.
Publicado 10/09/2009 16:52
Em 1978, Antonio Carlos liderou uma manifestação durante uma partida de futebol. A bandeira levantada pelos torcedores corintianos durante um clássico paulista dizia: “Anistia, ampla, geral e irrestrita”. Hoje, 31 anos depois, o jornalista pede o reconhecimento formal de que o Estado brasileiro errou ao perseguir politicamente seus cidadãos.
Desde 2001, a Comissão recebeu mais de 64 mil pedidos de anistia política. Para agregar mais transparência a seus trabalhos e aproximar os jovens da cidadania, o órgão criou o projeto Caravana da Anistia e, desde 2008, passou a julgar processos nos locais onde os direitos foram feridos – antes, todos os requerimentos era apreciados em Brasília.
A Caravana já percorreu 15 estados das cinco regiões do país, apreciando cerca de 500 processos. Além disso, foram realizadas sessões de homenagem a brasileiros que tiveram papel fundamental na luta pela democracia, como o ex-presidente João Goulart e os ex-governadores Leonel Brizola e Miguel Arraes.
O projeto volta a São Paulo, desta vez em parceria com a Pinacoteca e o Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do estado.
Serviço
27ª Caravana da Anistia
Local: Memorial da Resistência, auditório da Estação Pinacoteca – Largo General Osório, 66 – Centro – São Paulo (SP)
Data: 11/09/2009
Horário: 14 horas
Balanço da Comissão de Anistia
Julgamento
A 27ª Caravana da Anistia vai analisar os processos dos seguintes requerentes:
Aurélio Peres – Operário da Empresa "Grupo Schaeffler" teria sido obrigado a abandonar o trabalho e entrar para a clandestinidade em razão de suas atividades na Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Além disso, foi preso e torturado.
Carlos Alberto Gonçalves Leite – Membro do PCdoB enquanto estudante de Geologia da Universidade de São Paulo (USP), envolveu-se na luta estudantil. Após ser preso pelo DOPS e condenado, foi para Uruguai, Chile e Equador.
José Pedro de Araújo – Membro do PCdoB, foi preso em virtude de participação no movimento grevista dos metalúrgicos de Osasco em 1968.
Maria Bernarda da Silva Neves – A requerente foi perseguida como militante da Ação Popular, presa pela Operação Bandeirantes, torturada e demitida de seu emprego, em virtude de motivação exclusivamente política
Emílio Rubens Chassereux – Pároco no município de Santo André, foi preso pela primeira vez em maio de 1968 dentro da Casa Paroquial, concomitantemente à invasão de sua casa pelo Delegado Fleury. Após este episódio, foi preso novamente por diversas vezes.
Valcira Teodoro Correa – esposo da requerente foi demitido pelo Ato Institucional nº 1, de 09/04/1964. Recebe pensão por morte de anistiado e solicita a diferença do que acredita que deveria estar recebendo.
Cecília Vieira Fernandes – esposo da requerente foi demitido pelo Ato Institucional nº 1, de 09/04/1964. Recebe pensão por morte de anistiado e solicita a diferença do que acredita que deveria estar recebendo.
Tacilio Bertola – Sindicalista demitido em razão de suas atividades políticas, já anistiado pelo Ministério do Trabalho, porém sem receber indenização.
Joaquim dos Santos – Militante da VAL-Palmares, foi preso, torturado e respondeu a inquérito policial militar. Teria perdido emprego em virtude das perseguições sofridas
Antônio Carlos Fon – Jornalista. Membro da ALN. Foi preso em setembro de 1969 quando chegava em casa, sob a acusação de esconder armamento e explosivos. Trabalhou na Revista Veja, na qual passou a escrever artigos denunciando a ditadura. Respondeu a inquérito pelas matérias publicadas. Foi preso novamente em 1979 e demitido da Editora Abril.
Liuco Fuji – Nutricionista, militante da Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Apresenta prisão e tortura.
Rosalina de Freitas Anselmo – esposa de perseguido político, foi obrigada a exilar-se em Cuba.
Darcy Rodrigues de Freitas – natural de Cuba, filho de perseguido político, pede anistia pelas dificuldades que teve em conseguir nacionalidade brasileira.
Jorge Carlos Rodrigues de Freitas – natural de Cuba, filho de perseguido políticos, pede anistia pelas dificuldades que teve em conseguir nacionalidade brasileira.
Fonte: Ministério da Justiça