Casos de violência racial são discutidos em seminário

O vereador Netinho de Paula (PCdoB), em conjunto com o Geledés – Instituto da Mulher Negra, promoveu, nesta quarta-feira, na Câmara Municipal, um seminário com o tema "Violência Racial e Juventude Negra". Participaram do evento lideranças do movimento negro de todo o país e entidades ligadas aos direitos humanos, além do vereador Jamil Murad (PCdoB).

Na ocasião, Netinho utilizou o episódio da agressão sofrida, há três semanas, pelo vigia negro no Carrefour, de Osasco, para ilustrar a real situação da desigualdade de tratamento entre as raças em pleno século XXI. "A tortura ocorrida pelo Januário Alves Santana nos mostra que, passados mais de 120 anos da abolição da escravatura, nada mudou. Não somos levados a sério. Não temos as mesmas oportunidades. Esta parece ser uma luta eterna", comentou.

Integrante do Movimento Reaja, da Bahia, Hamilton Borges chamou a atenção do público com uma série de dados alarmantes. "Em 2009, cerca de 2300 negros foram assassinados em Salvador. Morrem mais negros do que civis em guerras militares. Não podemos nos calar a esse genocídio. O Brasil é um país que mata negros, como se mata baratas. Precisamos de organização. Vamos batalhar por um novo estado que valorize a nossa contribuição histórica", afirmou.

O rapper Mano Brown, vocalista do grupo Racionais MC´s, ressaltou a importância do hip hop como um meio de expressão da realidade enfrentada nas periferias. "O rap é uma das muitas riquezas do movimento negro. No entanto, é embargado pelo poder vigente. O Racionais foi praticamente proibido de fazer shows em São Paulo. Nós compomos o que vemos nas ruas. A grande verdade é que os problemas do Brasil não acontecem por causa dos negros, mas, sim, de todos".

Segundo Luís Inácio Silva da Rocha, membro do Fórum de Juventude Negra do Estado do Espírito Santo, a violência contra a juventude negra é fruto do despreparo e truculência da por parte da polícia. "No meu estado, 85% dos jovens mortos são negros. A maioria é feita pelos aparatos oficiais. Recebemos diversas denúncias de ações brutais de policiais. Precisamos repensar um outro modelo de segurança pública", disse.

Antes de encerrar o seminário, Netinho colocou o seu mandato a disposição de todos para que este tema seja trabalhado de forma mais intensa e efetiva. "Esperamos fazer outros debate como este. O nosso gabinete está aberto a novas idéias, novos parceiros. Quis me tornar vereador para lutar pelo nosso povo. Contem comigo", assinalou o parlamentar