Mulá Omar diz que tropas no Afeganistão serão derrotadas
O Mulá Mohammad Omar, líder do talibã afegão, divulgou uma nota neste sábado na qual afirma que as tropas ocidentais no Afeganistão serão derrotadas em breve, e que seus líderes deveriam aprender com as lições da história. O mulá Omar tachou de "esforços demagógicos" as tentativas dos líderes estrangeiros de "justificar uma ilegal e longa guerra imposta".
Publicado 19/09/2009 20:42
Semanas antes do oitavo aniversário da invasão liderada pelos Estados Unidos que derrubou o regime talibã, o Mulá Omar afirma que o Afeganistão será a sepultura das tropas "coloniais".
O comunicado publicado no site da insurgência, ele destaca que os soldados estrangeiros estão sofrendo com "enormes baixas e moral em queda".
"Quanto mais o inimigo recorre ao aumento de suas forças, mais se aproximarão de uma derrota inequívoca no Afeganistão", diz a nota.
O Mulá Omar é um dos fundadores do talibã. Acredita-se que esteja atualmente no Paquistão.
Em sua mensagem, o líder fundamentalista afirma ainda que, ao manter suas tropas no Afeganistão, os países da coalizão "apenas prolongarão a atual crise, sem jamais resolvê-la".
"Os invasores deveriam estudar a história do Afeganistão desde a época da agressão de Alexandre (…) até o dia de hoje, e deveriam tirar uma lissão disto", declara.
"O Emirado Islâmico do Afeganistão – nome do antigo Governo talibã – pede ao povo do Ocidente que não se deixe enganar pelas afirmações de Obama, que diz que a guerra no Afeganistão é uma guerra de necessidade", afirmou o mulá Omar.
"Essa guerra começou por motivos clandestinos e sem razões com fundamento", acrescentou, em mensagem de felicitação aos muçulmanos pelo "Eid ul-Fitr", que marca o fim do mês sagrado do Ramadã.
A mensagem do líder dos talibãs, em paradeiro desconhecido desde a intervenção americana no Afeganistão, em outubro de 2001, coincide com os meses mais sangrentos para as tropas estrangeiras e com a incerteza sobre a apuração das eleições nacionais, cujos resultados preliminares dão a vitória ao presidente Hamid Karzai.
Atualmente no Afeganistão há cerca de 100 mil tropas estrangeiras, cerca 40 mil sob comando direto de Washington e o resto enquadradas na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora mais de um terço sejam americanas.
Otan debate o problema afegão
ainda neste sábado, o almirante Giampaolo di Paola, chefe do Comitê Militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), destacou, em Lisboa, a importância de que a aliança siga investindo nas forças de segurança do Afeganistão.
"Um assunto está claro. É preciso seguir investindo e ainda com mais ênfase nas forças de segurança do Afeganistão", considerou Di Paola, que discursou no fechamento da conferência que reuniu entre ontem e hoje o Comitê Militar em Lisboa e Sintra, onde foi avaliado o papel das missões da Otan.
O Comitê Militar é integrado pelos 28 chefes de Defesa da aliança, que representam os países-membros, e seu objetivo é dar assessoria militar ao Conselho do Atlântico Norte, a mais alta autoridade política da organização.
O encontro, cujas sessões foram a portas fechadas, examinou com especial atenção a operação que a Otan leva a cabo no Afeganistão, onde está desdobrada a Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf).
Seu comandante, o americano Stanley A. McChrystal, mostrou na reunião um relatório sobre a situação em território afegão, onde, segundo dados oficiais, no primeiro semestre do ano morreram 1.013 civis vítimas do conflito, o que representa um aumento de 24% frente ao mesmo período de 2008.
Com informações das agências EFE e Reuters