A Ditadura na TV

Governo lança campanha publicitária de incentivo à entrega de documentos e informações sobre a localização de desaparecidos no período da ditadura militar no Brasil.

A partir deste domingo (27/09), o telespectador brasileiro irá assistir depoimentos e histórias reais de familiares e amigos de desaparecidos políticos do período da Ditadura Militar. A campanha, implementada pelo Governo Federal através da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, visa conscientizar o cidadão comum da importância de disponibilizar, publicamente, qualquer material a respeito dos chamados “anos de chumbo”, de 1964 a 1985.

“É importante, para a história do país, que toda a documentação que seja pública, esteja à disposição da população”, opina a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais na Bahia, Diva Santana; uma das protagonistas da campanha. Diva, que representa os familiares na Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Lei 91/40, convive há 37 anos com a falta de informações sobre a irmã e ex-guerrilheira do Partido Comunista, Dinaelza Santana; uma das 60 pessoas desaparecidas nos conflitos do Araguaia. “Não tem um arquivo dizendo como foi que ela morreu nem onde foi enterrada”, lamenta.

Segundo levantamento dos próprios familiares, o número de desaparecidos durante a ditadura, e reconhecidos oficialmente pelo Governo, é de 136. Somando-se aos mortos, chega-se a quase 500 em dados oficiais. “Mas sabemos que este número é ainda maior. Em minha última viagem ao Araguaia, trouxe, à Comissão, o depoimento de familiares de três barqueiros desaparecidos, fora as famílias que não conseguimos localizar”, explica Diva.

Os vídeos também trazem relatos do escritor Marcelo Rubens Paiva a respeito do pai, Rubens Paiva; e de Elzita Santa Cruz de Oliveira, que fala do filho, Fernando Santa Cruz. Quem assina a direção são os cineastas Cao Hamburguer, Helvécio Ratton e João Batista de Andrade.

A campanha integra as ações do projeto “Memórias Reveladas”. Todo material coletado será encaminhado ao Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, do Arquivo Público Nacional. Os documentos serão digitalizados e ficarão à disposição da sociedade.

De Salvador,
Camila Jasmin, com informações da Folha de São Paulo