Passageiros quebram estação de trem por conta de atrasos

O Rio de Janeiro viveu uma manhã de caos nos trens nesta quarta-feira (7). Após ficarem cerca de uma hora parados entre as estações de Edson Passos e Nilópolis, os passageiros desceram dos vagões e, em Nilópolis, quebraram as bilheterias e placas. Em Mesquita, um trem foi incendiado.

Passagerios ficaram aguardando a volta do serviço

Ao perceber o defeito no trem, o maquinista abandonou a composição, deixando todos trancados dentro. Com a grande espera pelo retorno do serviço, usuários começaram a cobrar o dinheiro da passagem de volta. A Supervia se negava a ressarcir a quantia e papéis foram distribuídos para que eles recebessem o valor de volta. Os usuários revoltados com o descaso ocuparam, então, a estação de Nilópolis, onde quebraram os vidros das bilheterias e arrancaram as placas.

Na confusão, seguranças da Supervia e a Polícia Militar tentaram conter a manifestação e retirar as pessoas da estação. A PM chegou a lançar bombas de efeito moral e dar tiros para o alto. Muitos ficaram em cima dos trilhos cobrando uma solução. Um estudante foi preso. Carros de bombeiros e ambulâncias foram chamados. Algumas pessoas passaram mal com o tumulto e tiveram que ser socorridas.

Uma das ruas de Nilópolis, ao lado da estação, teve que ser interditada para a chegada dos caminhões dos bombeiros, o que fez com que o trânsito ficasse parado em uma das principais vias da cidade. O caos fez com que muitas pessoas procurassem os ônibus, que também ficou lotado com a sobrecarga.

Por conta da paralisação, os trens que vinham de Japeri no sentido Central não puderam continuar a viagem. Em Edson Passos, distrito de Mesquita, o trem também parou. Informados dos motivos do atraso, usuários também mostraram descontentamento com o serviço prestado: “tem que quebrar mesmo. É sempre assim, se não fizer nada, eles [a Supervia] continuam fazendo a mesma coisa”, disse um trabalhador que se lamentava pelo atraso.

A pane teve reflexos em todo o sistema da Supervia. A empresa também registrou tumultos na estação do Engenho de Dentro e Deodoro, onde outra multidão fez um protesto contra a falta de transporte.

Os trens do Rio de Janeiro foram privatizados em 1998, último ano do governo Marcelo Alencar (PSDB), que também vendeu o metrô e as barcas. De lá pra cá, o sistema passou por poucas melhoras. Os atrasos e a superlotação continuam constantes, gerando grande insatisfação entre os usuários.