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Suplicy pede a ministros do STF que ouçam Cesare Battisti

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que deem a oportunidade de o ex-ativista Cesare Battisti se pronunciar, caso decidam ouvir o italiano Alberto Torregiani, uma das vítimas de um dos ataques do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). As informações são da agência Ansa.

Alberto é filho de Pierluigi Torregiani, que foi morto em frente à joalheria da família, em Milão, e ficou hemiplégico – paralisado em metade de seu corpo – na mesma ação, cometida em 1979.

Na última semana, Torregiani ratificou seu pedido para que o Supremo o ouvisse antes de dar seu veredicto. "Se os juízes não conseguem decidir porque falta alguma informação, eu os aconselho a escutarem também as vítimas", disse na ocasião.

Em resposta à solicitação do italiano, Suplicy disse – em carta enviada na terça-feira a todos os membros do Supremo – que, caso Alberto Torregiani possa ser ouvido, considera "importante que também seja dada a oportunidade" a Cesare Battisti de "esclarecer inteiramente não ter participado do comando que matou" Pierluigi Torregiani, "assim como não ter participado do planejamento daquele crime".

O texto do senador é acompanhado também por correspondências trocadas por Battisti e Torregiani, em que o ex-militante do grupo esquerdista esclarece que se opôs "a quaisquer ações que pudessem resultar na morte de qualquer pessoa" e que, "por não terem acatado sua opinião, deixou o grupo".

"Os senhores ministros poderão notar que a correspondência foi caracterizada por um clima de respeito e emoção entre ambos", continua Suplicy, que retoma também o convite feito por Battisti para que o italiano o visite na prisão para que ele possa lhe falar pessoalmente que não participou de tais atos.

Julgamento

Battisti foi condenado na Itália à prisão perpétua pela morte de quatro pessoas, entre elas a de Pierluigi Torregiani, todas cometidas na década de 1970. Battisti nega que tenha cometido tais crimes e, ao ser julgado na Itália, teve seu direito de defesa cerceado.

Detido no Brasil desde 2007, o ex-militante de esquerda recebeu do Ministério da Justiça o status de refugiado político no mês de janeiro. Contudo, o governo italiano apresentou um pedido de extradição, para que ele cumpra a pena em seu país de origem.

Atualmente, Battisti aguarda na prisão da Papuda, em Brasília, o julgamento do STF, que deve decidir se apoia ou não a solicitação italiana.

O caso foi para análise dos ministros no último dia 9 de setembro. A votação estava em 4 a 3 pela extradição quando o ministro Marco Aurélio Mello pediu vista do processo.

Fonte: Terra