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ONU condena crimes de guerra de Israel em Gaza

O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou nesta sexta-feira (16) o Relatório Goldstone sobre a Guerra de Gaza, que acusa o exército israelense de uso desproporcional da força, acusando as forças de ocupação de Israel, assim como o Hamas, de cometer crimes de guerra. Durante a guerra, no início do ano, morreram 1.400 palestinos e 13 israelenses.


A resolução que endossa o Relatório Goldstone passou com 25 votos a favor e seis contrários. Onze países se abstiveram e cinco declinaram de votar (veja a tabela ao lado). Dos países latino-americanos, seis apoiaram o relatório, dois se abstiveram e nehum votou contra. A oposição ao relatório, comandada pelos Estados Unidos, teve o apoio de cinco países, todos europeus.

O inquérito foi conduzido pelo jurista sul-africano Richard Goldstone, conclama o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a monitorar se Israel e o Hamas conduzem investigações dignas de crédito sobre o conflito de janeiro-fevereiro. Caso os dois lados não o façam, solicita que o Conselho de Segurança da ONU responda às acusações perante a Corte Criminal Internacional.

Hamas agradecido"

Mike Hanna, correspondente em Genebra da TV árabe Al Jazira, disse que a votação foi "uma fortíssima vitória" dos apoiadores do relatório, embora o número de abstenções também tenha sido "muito significativo". A Autoridade Nacional Palestina (ANP) inicialmente concordou em votar o relatório, mas depois mudou de posição, sob pressão interna.

Mousa Abu Marzook, o vice-presidente do Birô Político do Hamas em Damasco, comentou para a Al Jazira: "Agradecemos ao nosso povo, a todos os que apoiaram o reenvio desse relatório para ser submetido ao Comitê de Direitos Humanos e a todos os países que votaram no relatório. Vamos cooperar com este relatório e estabelecer um novo copmitê de investigação", completou.

"Neste momento, não existe comnversação com a Al Fatá (a organização palestina que controla a ANP). Mas durante o diálogo entre a Al Fatá e o Hamas, no Egito, dentro de algumas semanas, vamos falar de reconciliação e, naturalmente, vamos tratar deste tipo de assunto", disse ainda Marzoook.

Israel condenado

Além de endossar o Relatório Goldstone, a resolução "condena fortemente todas as políticas e medidas adotadas por Israel, a potência ocupante, entre elas a limitação do acesso dos palestinos a sias propriedades e lugares sagrados". Também concita Israel a interromper os trabalhos de escavação em torno da Mesquita de al Aqsa, em Jerusalém oriental ocupada, assim como em outros santuários islâmicos e cristãos.

Israel rechaçou as acusações, dizendo que a resolução – esboçada pelos palestinos em cooperação com Egito, Nigéria, Paquistão e Tunísia, em nome dos países não-alinahados, islâmicos, árabes e africanos – é uma ameaça aos esforços de paz.

Uma declaração do chanceler israelense diz: "A adoção dessa resolução pelo Conselho de Direitos Humanos prejudica tanto o esforço para proteger os direitos humanos, de acordo com as leis internacionais, como o esforço para promover a paz no Oriente Médio".

Conforme Sherine Tadros, a correspondente da Al Jazira em Jerusalém, "os funcionários israelenses com quem falamos disseram que, em sua opinião, a maioria dos Estados que votaram a favor da resolução o fizeram não por convicção, mas na verdade por motivos domésticos próprios, para cobrir suas próprias violações de direitos humanos".

"Esta foi a linha de defesa de Israel desde o início do processo: tentar desmoralizar a missão Goldstone e a resolução por meio do descrédito do próprio Conselho de Direitos Humanso. Ao dizer que seus membros sempre foram na sua grande maioria inclinados contra Israel e tentando criar dificuldades para ele, qualquer que fosse a moçnao que tivessem diante de si", completou ela.

"Direitos sabotados"

O Relatório Goldstone recomenda que suas oconclusões sejam enviadas à Corte Criminal Internacional (ICC, na sigla em inglês), sucessora do Tribunal de Haia, caso Israel, ou o Hamas, não conduzam dentro de seis meses suas próprias investigações confiáveis sobre as acusações de crimes de guerra.

O texto acusa Israel de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Denuncia também o Hamas, organização que tem o controle de fato da faixa de Gaza, por crimes de guerra, porém concentra a sua crítica em Israel.

Amr Hamzawy, um cientista político, avaliou para a Al Jazira que a aprovação "é um passo muito positivo e realmente uma vitória da diplomacia árabe-palestina, depois da miséria das duas últimas semanas. Ele definitivamente retira a legitimidade moral de Israel, que existia em certo sentido antes das Guerras do Líbano e de Gaza", agregou.

"Israel está sob pressão extrema, internacionalmente e moralmente. Eles realmente têm de prestar contas do que aconteceu em Gaza durante a guerra", opinou Hamzawy.

Na quinta-feira, a secretária de Direitos Humanos da ONU, Navy Pillay, avalizou o relatório, pedindo "investigações imparciais, independentes, rápidas e efetivas" das acusações de crimes de guerra. "Uma cultura da impunidade continua a prevalecer nos territórios ocupados e em Israel", disse ela, durante a sessão especial do Conselho que discutiu o relatório.

Com informações da Al Jazira