Protógenes quer mudar cenário político

"A política brasileira está tomada por maioria de pessoas desonestas, que se apoderaram da administração pública para as suas finalidades", disse.

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que atuou na Operação Satiagraha, disse nesta quinta-feira (15), em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, que sua entrada na vida política "não é uma atitude, como muitos fazem, de buscar uma vaga para ficar sob o manto da imunidade parlamentar".

Protógenes Queiroz - ato de filiação - 07/09/09 - Priscila Lobregatte

Segundo ele, que é investigado internamente pela Polícia Federal (PF), essa imunidade significa "impunidade parlamentar" e os "verdadeiros bandidos não devem ser eleitos e nem deveriam se filiar a partidos". "A política brasileira está tomada por maioria de pessoas desonestas, que se apoderaram da administração pública para as suas finalidades", disse o delegado. A definição do cargo que irá concorrer em 2010 pelo PCdoB, ao qual se filiou em setembro, só será conhecida três meses antes do prazo da formalização de sua candidatura.

"Até lá, o Brasil vai ficar acordado, muita gente vai ficar intranquila sem saber qual o cargo ou mandato que eu vou concorrer, não sei se de deputado, senador, governador ou presidente da República, mas vai ser o que o povo determinar e o que as pesquisas sinalizarem", comentou ele, que fez uma palestra assistida por cerca de 100 pessoas no salão nobre da Câmara de Ribeirão Preto, discursando sobre Ética na Política e citando corrupções feitas desde a colonização portuguesa.

Num dos pontos de seu discurso, Protógenes criticou o processo de privatização do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a quem chamou de D. Fernando II. "Cadê o dinheiro? O Brasil hoje é refém dessas empresas", emendou ele.

Protógenes está percorrendo cidades do interior paulista e até de outros Estados para, como diz, "prestar contas" à população, pois é um servidor público. Filiou-se ao PCdoB, partido da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e afirma que o atual governo precisa ter continuidade, principalmente pelos projetos sociais em andamento. Segundo o delegado, várias forças internas do PCdoB estão se organizando para apoiar seu projetos e propostas, como a ordem maçônica, a Igreja Católica, segmentos de Igreja Evangélica, associações, sindicatos, universidades e a Ordem dos Advogados do Brasil. "Isso dá uma responsabilidade grande e um peso maior", enfatizou ele.

Protógenes destacou que as pessoas honestas no País são a maioria e que a população não pode se omitir e participar do processo político, como ele. Numa projeção futura, caso obtenha um mandato parlamentar, o delegado afirmou que "teria um convívio de muito confronto" com políticos desonestos, pois não compactuaria com coisas erradas. "Vou tentar dar continuidade ao que eu fazia na Polícia Federal dentro da política brasileira e, se não conseguir, vou aceitar os convites como o de hoje, da população, de universidades, para prestar contas e mostrar as falhas".

Apesar de afastado por tempo indeterminado de suas funções na PF, respondendo a processo administrativo, Protógenes acredita que a primeira fase da Operação Satiagraha teve um bom resultado, com a condenação do banqueiro Daniel Dantas a dez anos de prisão, multa de R$ 12 milhões e quase US$ 3 bilhões recuperados. Existem ainda, HDs apreendidos na operação e sendo avaliados pela PF. "Na minha avaliação, eles (HDs) contêm informações sigilosas e que são nocivas ao povo brasileiro e ao Brasil, e precisam ser apuradas e punidas com rigor as ilegalidades ali encontradas", comentou. Segundo ele, após apurados, os dados deveriam ser veiculados pela mídia, pois envolve dinheiro público.

Fonte: Agência Estado