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Livro aponta fortalecimento do Estado como solução para crise

Os vários artigos reunidos no livro "A crise financeira mundial – impactos sociais e no mundo do trabalho" tem em comum a avaliação de que a crise ainda não acabou, que é cedo para calcular a extensão dos estragos provocados e que o momento permite e exige mudanças. O livro, lançado nesta quarta-feira (21), na Câmara dos Deputados, deve servir para que “nos municiemos das armas necessárias para nos livrarmos das consequências mais nefastas da crise econômica”, diz o seu texto de apresentação.

Com artigos de economistas renomados como Luiz Gonzaga Belluzzo, Lécio Morais, Marcio Pochmann, Dércio Garcia Munhoz, João Sicsú, entre outros, o livro avalia que a retomada da normalidade política, econômica e social deve ser lenta, “demandando medidas intervencionistas por parte dos Estados no sistema financeiro, no sistema produtivo, na geração de demanda e na remediação dos efeitos sociais provocados pela crise.”

Os articulistas também fazem críticas ao modelo neoliberal, apontado como responsável pela crise e que, apesar de defender a redução das funções do Estado, precisou dos aparelhos estatais para se impor nas relações econômicas e sociais. E também se valeu do Estado para se livrar dos efeitos da crise.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os bancos e outras instituições financeiras já receberam 18 trilhões de dólares em ajuda pública em pouco mais de um ano. Esse valor é quase 10 vezes mais que os dois trilhões em doações dos países ricos aos países em desenvolvimento em um espaço de 49 anos de existência da instituição.

Novo modelo

Nos textos, os economistas destacam que a crise coloca em xeque as políticas econômicas e sociais do projeto neoliberal e abre espaço para o debate e formulação de um novo modelo a ser seguido.

Em comum, os textos também avaliam que as medidas adotadas pelo governo brasileiro de combate aos efeitos da crise estão no rumo certo, mas são consideradas tímidas. Dércio Garcia Munhoz critica a grande centralização de poder do Banco Central (BC) na formulação das políticas econômicas de enfrentamento à crise.

Denise Gentil e Gilberto Maringoni criticam as políticas cambial e monetária, destacando que a primeira agride a produção nacional e a colocação de produtos nacionais no exterior; e a segunda mantém os juros altos, alimentando a financeirização e inibindo as cadeias de produção e consumo.

Márcio Pochmann alerta para a necessidade de articulação das forças progressistas na superação da crise e na potencialização de novos paradigmas. “No Brasil, em especial, é preciso impedir que a crise interrompa a recente trajetória positiva que combinou crescimento econômico e melhoras sociais, com distribuição da renda e ampliação do trabalho formal.” Ele sugere que, além das ações imediatas, seja desenvolvida uma agenda progressiva que alavanque o compromisso de superação do atraso nacional.

Lécio Morais aponta como solução para a superação da crise transformações no sistema financeiro internacional que redefina um papel mais importante para o Estado. Landislau Dowbor também avalia que a falência do modelo de desregulamentação financeira não permite uma volta ao passado.

“É fundamental repensar a posição do Estado como regulador, mas com medidas de socorro financeiro só se estará utilizando remédios 'paliativos', que amenizam, mas não resolvem as raiz dos problemas.”

Da sucursal de Brasília