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García Lorca em todas as encarnações

“A poesia não quer adeptos: quer amantes”, disse certa vez o poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca, que viveu de acordo com suas palavras até ser fuzilado em 1938 por adeptos do regime franquista que se instalara em seu país. García Lorca foi uma das primeiras vítimas das cerca de um milhão que morreriam na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

García Lorca não era militante das causa políticas mas, mesmo assim, não abria mão da sua liberdade. Ao morrer por ela, tornou-se uma espécie de mártir para os escritores de sua geração. No Brasil, foi tema de trabalhos dos também poetas Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Vinicius de Morais, entre outros.

A ocasião de sua morte até hoje é desconhecida. Na sua cidade natal, Granada, onde foi refugiar-se assim que a situação apertou na Espanha, seus habitantes evitam falar do episódio. Acredita-se que o corpo do poeta tenha sido enterrado em uma vala comum na companhia de outras três pessoas: Francisco Galadí, Joaquín Arcollas e Dióscoro Galindo.

Esta semana, no entanto, começaram escavações na mesma região onde se crê que o escritor esteja enterrado. O objetivo da empreitada é identificar outros corpos que tiveram o mesmo fim de García Lorca.

Devido à incerteza sobre as circunstâncias de seu assassinato e seu sepultamento, pode ser que a partir dessas investigações sejam descobertos seus restos mortais em algum outro lugar, que não o que se acredita. Uma lenda regional diz que o corpo do poeta teria sido levado para sua casa – onde agora funciona um museu em sua homenagem – poucos dias depois de ter sido enterrado.

Lendas à parte, a família García Lorca é totalmente contra a exumação.

O filme “O desaparecimento de García Lorca” (The Disappearance of Garcia Lorca, 1996), baseado no livro de Ian Gibson, trata dessa dúvida quanto à circunstância da morte do poeta. No drama, um jornalista e admirador de García Lorca volta a Granada anos depois da morte de seu ídolo (interpretado por Andy Garcia) para tentar descobrir a verdade a respeito do assassinato.

Fonte: Opera Mundi