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Jobim: 'Brasil fala com quem entende que deve falar'

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta terça-feira (10), em referência à polêmica causada pela futura visita do presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad ao País, que o governo brasileiro "fala com todo mundo". "Ninguém vai dizer ao Brasil com quem o Brasil deve falar. O Brasil fala com quem entende que deve falar", disse o ministro a jornalistas, após encontro com o presidente de Israel, Shimon Peres.

Jobim disse ainda que conversou com Peres sobre os acordos que podem ser assinados entre os dois países. No entanto, ele não deu detalhes de quais entendimentos seriam estes. "Em todas as trocas e colaborações de Defesa você tem como elemento fundamental a confidencialidade … Ou seja: você não poder partilhar informações com terceiros", disse Jobim.

Oministro lembrou que Israel tem tecnologia muito avançada, por exemplo, na área de avionics, ou sistemas eletrônicos usados em aviação, e que tem todo interesse em promover entendimentos com Israel neste setor.

Jobim informou que recebeu um convite de Shimon Peres para visitar Israel no próximo ano e disse que vai programar a viagem. "Veremos onde poderemos ter iniciativas comuns. O Brasil quer chegar ao teto da tecnologia e há disposição por parte de Israel de colaborar conosco", afirmou o ministro, depois de lembrar que a Estratégia Nacional de Defesa estabelece que o Brasil deve buscar a capacitação nacional. "O Brasil não é comprador de instrumento ou de tecnologia. O Brasil quer desenvolver tecnologias em comum com outros países. Somos parceiros e não compradores."

Peres se reunirá na quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e depois viajará a São Paulo, onde na quinta-feira participará de uma reunião com empresários dos dois países.

Na sexta-feira, o presidente israelense se reunirá no Rio de Janeiro com autoridades locais e com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

O líder israelense permanecerá no Rio de Janeiro no sábado, mas sem atividades oficiais, já que os judeus guardam esse dia da semana, e no domingo partirá para Buenos Aires.

Israel: crimes de guerra com silêncio dos conservadores

A polêmica seletiva da mídia em relação à futura visita do presidente iraniano,  Mahmoud Ahmadinejad, mostra a hipocrisia dos setores conservadores. Enquanto a maioria dos veículos da grande mídia critica o convite feito pelo Brasil ao líder iraniano, contra o qual algumas entidades judaicas já preparam manifestações, não se viu na grande imprensa uma linha sequer de questionamento sobre a visita do israelense Shimon Peres ao país.

Contra o Irã pesam acusações de que Ahmadinejad, que deve chegar ao Brasil no próximo dia 23, tem feito declarações antisemitas e que seu país desenvolve um programa de energia nuclear questionado pelas grandes potências, mas que o Irã define como um programa com fins pacíficos e já se mostrou disposto a abrir as instalações para inspeção internacional deste programa.

Já o Estado de Israel foi condenado pela ONU, na semana passada, por crimes de guerra e de lesa-humanidade cometidos na ofensiva militar realizada em Gaza há 11 meses, na qual 1.400 palestinos morreram, a maioria civis, boa parte mulheres e crianças.

Além disso, Israel mantém um arsenal de bombas nucleares semiclandestino com cerca de 300 ogivas apontadas para todos os países vizinhos. Este arsenal era mantido em segredo até poucos anos atrás, sob a proteção dos Estados Unidos.

Em maio de 2006, Shimon Peres mencionou a possibilidade de o Irã ser "aniquilado" por Israel. (http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/05/09/ult34u154130.jhtm)

Mesmo com todos estes "antecendentes" nada louváveis à causa da paz, a direita brasileira e a mídia que lhe dá voz acha que o Brasil deve receber Peres de braços abertos e fechar as portas para Ahmadinejad.

Da redação,
Cláudio Gonzalez
com agências