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Crise fortalece bancos e engorda banqueiros

É possível que o presidente do Banco da Inglaterra (Banco Central), Sir Mervin King, ataque com virulência o sistema bancário de um modo geral (pregou necessidade de sua radical reforma) e, também, os banqueiros (revelou que continuam embolsando remunerações excessivamente altas). Contudo…

Por Mary Stassinákis, no Monitor Mercantil

"Um dos motivos que explicam como a City britânica consegue ganhar cada vez mais dinheiro é que, exatamente, o ganha graças as decisões do próprio Banco da Inglaterra e das empresas financeiras"!

Esta constatação é de David Smith e Robert Watts, dos jornal londrino Sunday Times. Eles sustentam ainda que "o Banco da Inglaterra é aquele que multiplica os excessivos desempenhos operacionais dos bancos. O Banco da Inglaterra separou 175 bilhões de libras esterlinas (R$ 500 bilhões) para comprar debêntures com dinheiro que o mesmo imprime, pressionando apenas uma tecla do computador.

Canalizando tanto dinheiro cash ao mercado, alimentou a alta das bolsas internacionais de valores nos últimos seis meses. Adicionalmente, Smith e Watts afirmam que "em períodos de queda, os bancos financiam governos para que possam cobrir a dívida pública, e ganham lucros consideráveis".

E as comissões que recebem por terem encontrado compradores de bônus estatais vitaminam, consideravelmente, seus balanços, particularmente agora, quando alguns dos bancos que se dedicavam a este "negócio" foram à falência (Lehman Brothers, Bear Stearns e outros), enquanto outros lutam para acobertar e não "confessar" suas perdas no mercado subprime.

Enquanto isso, a competição no que diz respeito à promoção de produtos que se destinam à cobertura da dívida pública recrudesceu. Isto é traduzido em generosas comissões aos banqueiros. Algo análogo, aliás, acontece com as empresas privadas que necessitam muito dinheiro cash para pagar comissões e conseguir financiamento dos investidores.

Comissões trilionárias

"Mundialmente – escrevem Smith e Watts – as empresas embolsaram US$ 700 bilhões (R$ 1,2 trilhão) dos investidores. Os banqueiros embolsam comissões muito infladas destes negócios".

O resultado é que os bancos estão inundados de dinheiro, que distribuem entre seus executivos. "Nos últimos meses, vi cada vez mais banqueiros gastando alegremente alguns milhares de libras esterlinas para seu vinho", explica Son Gavin gerente de restaurante em Londres. "Ainda, até nos piores meses, o champanhe continuou fluindo, mas agora o número de garrafas é, claramente, superior ao de antigamente. E estamos falando de champanhe, cuja garrafa custa, pelo menos, 505 libras esterlinas, até 1.975 libras esterlinas (Chateau Lafite Rothschild, safra de 1982)".

Os exageradamente inflados salários dos banqueiros, particularmente, em meio a uma grave crise tornaram-se objeto de discussões governamentais, enquanto até o conservadores chegaram ao ponto de atacar as gratificações.

O líder político norte-americano David Cameron pediu para que os bancos canalizem seus desempenhos operacionais em debêntures, insinuando que tomaria ainda outras medidas dentro do sistema tributário do país.

Mas os bancos encontraram a saída para o problema, incorporando as gratificações ao salário fixo dos executivos. Assim, o Morgan Stanley aumentou as remunerações de seus executivos de segundo escalão, sendo imitado por outros bancos, como Bank of America, Merrill Lynch, Citigroup e outros.

Mas, sempre existe a outra face da moeda. Porque aquilo que os políticos temem é que as empresas financeiras pressionadas se retirem de Londres para evitar o novo denominador máximo comum sobre os rendimentos de 50% que entrará em vigor a partir de abril do ano que vem.