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Dirceu: PT deve avaliar cenários para não perder PMDB

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou nesta terça-feira (24) em seu blog que o PT não pode deixar de levar em conta as realidades de cada Estado para não romper alianças com o PMDB e "transformar numa incerteza uma eleição que temos grande chances de vencer".

Segundo ele, o partido precisa se render à realidade. "Há casos em que o PMDB não nos apoiará em hipótese alguma, como São Paulo e Pernambuco, e mesmo Rio Grande do Sul e Acre. São Estados em que há divergências históricas que nessa eleição se consolidaram".

Dirceu cita como o exemplo o Rio de Janeiro, onde a candidatura própria do PT ao governo do Estado não é aceita pelo PMDB, liderado pelo atual governador Sérgio Cabral. Esse mesmo Estado, entretanto, apoia a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a Presidência da República.

No Rio, segundo Dirceu, caberá às lideranças regionais do PT entrar na disputa estadual. "Se lançar candidatura, estarão criados três palanques para nossa candidata Dilma Rousseff: o do PMDB com o governador Sérgio Cabral; o do PR, com o ex-governador Anthony Garotinho; e o do PT com o prefeito Lindberg Farias".

Sarney concorda com palanques distintos

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também admitiu nesta terça-feira que há dificuldades para que a aliança nacional firmada entre o PT e o PMDB se repita nos Estados. Sarney disse que a unidade dos partidos "não é feita por unanimidade" ao sinalizar que as duas legendas devem ter palanques distintos em Estados onde não há possibilidade da aliança se efetivar.

"Eu acho sempre que a unidade dos partidos não é feita por unanimidade. Ainda mais uma coligação, é muito difícil. Eu acho que o Brasil é muito grande, as realidades políticas nos Estados são muito diferentes umas das outras. Eu acho que isso é um fenômeno natural que ocorre em todas as eleições e que vai ocorrer nesta também", afirmou.

Sarney, que se tornou um dos principais interlocutores no PMDB em favor da aliança nacional com o PT, repetiu o discurso já adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) que admitiram nos últimos dias dificuldades para a consolidação da aliança PT-PMDB nos Estados.

Ontem, Dilma admitiu que não é democrático impor pactos "lá de cima" frente às realidades estaduais. As afirmações de Lula e Dilma vêm no momento em que o PT define os novos dirigentes partidários nacionais e estaduais, o que torna as divergências regionais mais visíveis. A apuração ontem à noite indicava vitória em primeiro turno do ex-presidente da Petrobras e da BR Distribuidora José Eduardo Dutra para presidir o partido.

O PT e o PMDB firmaram um pré-acordo nacional para que os peemedebistas apoiem a candidatura de Dilma à presidência da República em 2010. Os peemedebistas, porém, encontram dificuldades em uma série de Estados onde a aliança entre as duas legendas se tornou inviável. Os dois partidos criaram uma comissão para tentar solucionar impasses estaduais que possam minar a aliança nacional.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, os dois partidos têm pré-candidatos ao governo estadual: Tarso Genro (PT) e José Fogaça (PMDB). No plano nacional, os peemedebistas do Estado estão mais próximos do governador José Serra (PSDB) do que de Dilma Rousseff (PT), o que pode rachar a legenda no Rio Grande do Sul.

Em Minas Gerais, também há impasses para que a aliança nacional se repita. O ministro Hélio Costa (PMDB) pode disputar o governo estadual com o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT) caso a "comissão" designada para pacificar as duas legendas não consiga reverter a dupla candidatura.

No Rio de Janeiro, há o esperado impasse entre o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT) que diz contar com o apoio da maioria da legenda no Estado.

Nesses Estados, mas principalmente no Rio, o PMDB exige uma composição com o PT para honrar o "pré-compromisso" firmado de apoio à candidatura presidencial da ministra Dilma.

Com agências