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Líderes partidários comentam escândalo no governo Arruda (DEM)

Dentre os documentos anexados ao processo que corre em segredo de justiça no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), seus secretários e alguns deputados distritais, pode existir uma fita gravada pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa.

Dentre os documentos anexados ao processo que corre em segredo de justiça no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), seus secretários e alguns deputados distritais, pode existir uma fita gravada pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa.

Segundo o STJ, "as investigações sobre suposto repasse de recursos de origem ilícita foram reforçadas pela delação de um ex-secretário de Estado do Distrito Federal, que aceitou que fosse instalado em suas roupas equipamentos de escuta ambiental. Em função disso, foi aberta a ele a participação em programa de proteção de testemunhas da Polícia Federal".

Ainda segundo a assessoria do tribunal "O STJ determinou a realização de operação de busca e apreensão pela Polícia Federal em residência, local de trabalho ou sede de 16 pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de coletar provas sobre suposta distribuição de recursos ilegais à "base aliada" do governo do Distrito Federal".

As buscas foram realizadas em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Segundo informações não confirmadas, Barbosa teria gravado uma uma fita de vídeo onde o governador José Roberto Arruda recebe propina no valor de R$ 400 mil.
O inquérito da PF aponta desvios de até R$ 60 milhões em obras, licitações e contratos da área de informática.

As empresas citadas no inquérito são a Infoeducacional, Vertax, Adler, Linknet e Conbral.

PCdoB vê ação de "quadrilha"

A repercussão da operação da PF foi crescendo ao longo da tarde desta sexta-feira (27), conforme as informações eram divulgadas na internet.

Para o presidente do PCdoB/DF, Augusto Madeira, "são acusações gravíssimas que se forem confirmadas mostram que existe um grande esquema de corrupção instalado no governo do DF a partir do próprio governador. É uma verdadeira quadrilha que capturou o governo".

PT já fala em impeachment

A bancada do PT na Câmara Distrital se reúne às 21h de hoje para discutir os próximos passos e a estratégia no caso. Mas, ao ler o despacho do ministro do STJ Fernando Gonçalves, a líder do partido na Câmara, Erika Kokay, foi taxativa: "Com materialidade, é caso de impeachment do Arruda".

Segundo a petista, mesmo antes da reunião, a bancada quer que as investigações sejam aprofundadas. Além disso, espera que não fique restrita ao Legislativo. Na manhã de hoje, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nos gabinetes do presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente (DEM), e dos deputados distritais Eurides Brito (PMDB) e Rogério Ulysses (PSB), além do suplente Pedro do Ovo (PRB). No Executivo, foram alvos da operação os escritórios do secretário de Educação, José Luiz Valente, do chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, do secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, do assessor de imprensa do GDF, Omézio Pontes, e do chefe de gabinete de Arruda, Fábio Simão.

"Espero que não se faça cortina de fumaça com os parlamentares", disse Erika. A deputada afirma que não é possível colocar a culpa somente nos distritais. Reforça que é necessária uma investigação de quem recebeu propina, mas destaca que "não é o Legislativo que faz licitações". "Os indícios apontam para um profundo esquema de corrupção", completou.

O vice-presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT), aponta que a bancada tem que ter acesso, "com urgência", ao inquérito completo da PF. O deputado disse ao Congresso em Foco que é a partir da análise da investigação que o partido poderá entrar no Conselho de Ética contra os colegas e fazer o pedido de impeachment. "Esse foi mais um escândalo instalado no DF. O mensalinho era algo que ouvíamos falar nos corredores. Mas temos o caos na saúde, nas obras", opinou.

DEM vai esperar "fatos novos"

O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse hoje que, enquanto não surgirem provas comprovando o envolvimento do governador do Distrito Federal – único governador do partido -, no esquema de corrupção desbaratado pela PF, ele continuará tendo o apoio do partido. "Não conheço as denúncias, sei que é sobre licitações envolvendo os secretários. Portanto, até que surjam fatos posteriores, o partido mantém a confiança no seu governador", afirmou.

Os "fatos" que Agripino reivindica para passar a suspeitar de Arruda já foram revelados e estão em toda a imprensa.

Agripino disse que tentou falar com Arruda por telefone, mas não conseguiu. Da conversa que teve pela manhã com presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), o líder foi comunicado que o governador "está tranquilo". "Preciso me encontrar com ele (Arruda) para me inteirar dos fatos e para oferecer a interlocução congressual que o assunto vai impor", comentou.

O ex-governador Joaquim Roriz, desafeto do governador do DEM, também declarou "A que ponto chegamos… Nunca imaginei que pudesse haver corrupção no governo do Arruda. É lamentável".

De Brasília, Gustavo Alves
com agências