Vídeo escancara Arruda recebendo maços de dinheiro

 Sob José Roberto Arruda (DEM), o vaivém de maços de dinheiro e os diálogos sobre propinas são tão desavergonhados que se esvaiu o benefício da dúvida.  A coisa foi toda registrada em vídeo e áudio.

Durval Barbosa, secretário de Relações Institucionais da gestão Arruda até a última sexta-feira (27), colecionou três dezenas de vídeos.

 

Entregou-os ao Ministério Público e à Polícia Federal. Num deles, Arruda leva as mãos a um maço de dinheiro.

 

cena se passa num gabinete da estatal Codeplan (Cia. de Planejamento do GDF), onde Durval dava expediente antes de virar secretário.

 

Ao receber a dinheirama, Arruda pede uma “cesta”. Durval enfia as notas num envelope pardo. O governador exala preocupação.

 

Arruda menciona a hipótese de Durval levar o dinheiro à casa dele. Súbito, entra na sala uma terceira pessoa. Arruda a chama pelo nome: Rodrigo.

 

Seria um filho adotivo do governador. Arruda pede a Rodrigo que leve o dinheiro para o carro. É atendido.

 

Noutro vídeo, Durval Barbosa despeja maços de dinheiro numa pasta manuseada por Omézio Pontes, assessor de imprensa do governador Arruda.

 

Para a PF e o MP, o dinheiro é proveniente de propina paga por fornecedores do GDF.

 

O secretário de Ordem Pública e corregedor do governo Arruda, Roberto Giffoni, disse que as imagens são "velhas", de 2005.

 

Afirmou que o dinheiro recolhido por Arruda destinava-se a ações sociais. José Gerardo Grossi, advogado do governador, saiu-se com uma alegação natalina.

 

Segundo Grossi, o dinheiro que salta das imagens foi usado para comprar panetones, distribuídos a pessoas carentes no DF.

 

Durval Barbosa, demitido por Arruda na tarde de sexta (27), tornou-se um delator premiado. Colabora com a PF e o MP em troca da promessa de redução de pena.

 

Nessa condição, foi a uma reunião com Arruda com equipamentos de escuta ambiental grudados ao corpo. Captaram-se diálogos estarrecedores.

 

As cifras saltitam das conversas como pulgas no dorso de um cão sarnento. Em depoimento à PF, Durval esmiuçou a natureza dos repasses.

 

Disse que Arruda lhe solicitava dinheiro periodicamente, de 15 em 15 dias. Grana para o pagamento de despesas pessoais.

 

Arruda não era beneficiário solitário. Durval mencionou no depoimento a partilha de R$ 178 mil.

 

Segundo o ex-secretário, o montante foi dividido entre o governador (40%), o vice-governador Paulo Octávio (30%)…

 

…O assessor de imprensa Omézio Pontes (10%) e o chefe da Casa Civil do GDF, José Geraldo Maciel (10%).

 

A aplicação dos 10% que sobraram ficou à espera de um “comando” do governador.

 

Afora o enriquecimento pessoal, a dinheirama proveniente das propinas prestava-se à compra de deputados na Câmara Distrital, o legislativo do DF.

 

A escuta escondida nas roupas de Durval captou, em 21 de outubro passado, cerca de 55 minutos de conversa.

 

A voz de Arruda soa na fita alta, límpida e clara. Num trecho, o governador não deixa dúvidas quanto à destinação dos “panetones”. Alimentava um Demensalão, o mensalão do DEM.

 

“Aquela despesa mensal com político hoje está em quanto?”, pergunta Arruda. Noutro trecho, o governador inquire sobre a quantia disponível no dia.

 

– Arruda: Hoje, tem disponível isso aqui? 
– Durval: Hoje, tem isso para você fazer o que você quiser, para pagar missão. Agora, se for na coisa normal, no dia a dia, no comum, você teria hoje 400 disponível para entregar a quem você quisesse. 
– Arruda: Ótimo.

 


Fonte Blog Josias de Souza