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Luis Nassif: Ainda há muito a crescer

Ontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre deste ano. Como se recorda, o PIB mede a produção de riquezas do país.

Por Luis Nassif, no Último Segundo

Há duas maneiras de avaliar os dados sobre o PIB. A primeira forma de avaliação, comparando o desempenho do PIB trimestre a trimestre. Essa comparação permite avaliar se a economia saiu do fundo do poço e retomou trajetória de alta. É o mais relevante. Outra maneira é comparando o nível de produção atual de cada setor em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em relação à progressão da economia, os dados são positivos.

Na série com ajuste sazonal (que desconta variação que ocorrem durante o ano), o PIB a preços de mercado cresceu 1,3% em relação ao trimestre anterior. A indústria cresceu 2,9% e Serviços 1,6%. A queda maior foi da Agropecuária (-2,5%), devido a problemas com algumas safras importantes.

O ponto que animou foi o fato da alta ter se dado em praticamente todos os setores industriais, tanto no crescimento da produção física quanto na expansão de emprego.

Em relação à inflação, os indicadores mais relevantes são os ligados à atividade industrial. Nele, é muito mais visível a relação entre ocupação da capacidade instalada e reajuste de preços. Quando a capacidade instalada começa a ser ocupada, há espaço para ampliação de produção sem investimentos – terceiro turno, terceirização de parte da produção, remanejamento da estrutura de produtos etc. No momento seguinte, vem o investimento, mas também a tendência de se aumentar os preços. Dependendo do nível de aquecimento da indústria, provoca-se aumento nos preços de matérias primas, tendência a especular com estoques etc.

Em todos esses setores suscetíveis de influenciar a inflação, o nível de produção do último trimestre mostrou-se inferior ao do último trimestre do ano passado.

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Leve-se em conta um certo efeito inercial. Quando a crise estourou, no ano passado, alguns setores ainda tinham encomendas que garantiram a produção por algum tempo.

Mesmo assim, o nível de produção da indústria é -6,86 inferior ao do terceiro trimestre do ano passado. Na indústria de transformação, o nível ainda é 7,9% inferior. Na construção civil, 8,4% inferior.

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As altas ocorreram em setores que não pressionam preços por ocupação de capacidade, como o de serviços de informação (+ 4,5%), intermediação financeira (+ 6,2%),

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Sempre que ocorre uma queda brusca na atividade econômica, a recupera/c costuma ser rápida, porque em cima de uma base achatada. Não foi o que ocorreu com o comércio exterior.

No segundo trimestre, houve alta de 7,1% das exportações (em relação ao trimestre anterior) e de 4,4% nas importações. Já no terceiro trimestre, as exportações cresceram apenas 0,5% (em relação ao trimestre anterior), contra um crescimento de 1,8% das importações.

No caso das importações, como as quedas maiores foram em máquinas e equipamentos, a recuperação deverá vir gradativamente. No caso das exportações, não.