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Ativista sarauí obtém vitória e retorna a seu país

"Isto é uma vitória para o direito internacional, para a justiça internacional e para a causa sarauí", declarou Aminetu Haidar antes de partir para el Aiún.

Aminetu Haidar, em greve de fome há 32 dias, fez estas declarações ainda no hospital, onde tinha sido internada durante a madrugada desta quinta-feira (17), e antes de sair em direção ao aeroporto de Lanzarote.

Aminetu partiu do aeroporto de Lanzarote na noite desta quinta-feira às 22h23 (hora local) em um avião ambulância enviado pelo governo espanhol.

“A primeira coisa que vou fazer será beijar a minha mãe e os meus filhos”, disse Aminetu pouco antes de embarcar. A acompanhá-la também embarcaram a sua irmã Laila Haidar e o seu médico Martín de Guzmán.

Foram transportados num avião fretado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), segundo as informações dadas pelo presidente da Estatal Federal da Espanha de Instituições Solidárias com o Saara Ocidental e membro da Plataforma de Apoio a Aminetu Haidar, Carmelo Ramírez.

Segundo Ramírez, o governo do Marrocos aceitou o regresso da ativista sarauí a el Aiún "sem condições". Aminetu não terá que pedir perdão ao rei, nem reconhecer publicamente a nacionalidade marroquina, como os governantes de Marrocos exigiram durante os últimos 32 dias.

Segundo os meios de comunicação espanhóis, a possibilidade do regresso deu-se após contatos diplomáticos entre União Europeia, Estados Unidos, França, Espanha e Marrocos.

Entretanto, o governo de Marrocos finalmente fora obrigado a reconhecer, pela voz do próprio ministro da Economia em Madri, que a inaceitável situação de Aminetu Haidar se tornara um grande problema não só internacional, como também na opinião pública marroquina.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, Miguel Moratinos revelou à comissão de relações exteriores do Congresso de deputados de Madri que foi previamente informado pelo ministro das Relações Exteriores de Marrocos de que Aminetu seria expulsa para a Espanha.

Nesta quinta-feira, o Parlamento Europeu suspendeu o debate da situação de Aminetu, por proposta do líder do grupo parlamentar socialista, para evitar que fosse aprovada uma moção de condenação de Marrocos.

Aminetu Haidar teve de fazer 32 dias de greve da fome para voltar a casa. A vitória é em primeiro lugar a vitória da sua justa e dura luta. É também uma vitória do importante movimento de solidariedade internacional que se gerou no apoio à lutadora saarauí.

O Marrocos aceitou o regresso de Aminetu Haidar por razões humanitárias e porque a ativista saarauí respeitou as regras vigentes no reino quando regressou, afirmou o presidente da Câmara dos Representantes marroquina em Lisboa, Mustapha Mansouri, que também é presidente do partido político Reagrupamento Nacional de Independentes.

Compreende-se assim que na questão política fundamental, Marrocos não mostra vontade de negociação e que mantém a sua postura intimidatória para com os ativistas, uma vez que o representante marroquino aproveitou para deixar o aviso: “Nenhum ativista dos direitos humanos será incomodado pelas autoridades marroquinas caso cumpra a lei marroquina”.

Mansouri fez as declarações nesta sexta-feira (18) depois de um encontro com a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite e outros responsáveis do partido, que designou como “amigos do PSD”.

PCP saúda vitória

Em nota divulgada em seu site, o Partido Comunista Português saúda a vitória da ativista do Saara Ocidental e reafirma a exigência do pleno respeito do direito do povo sarauí à autodeterminação,para o fim da colonização do Saara Ocidental e da opressão por parte de Marrocos. Leia abaixo a íntegra da nota:

"O PCP regozija-se com o legítimo regresso de Aminetu Haidar à sua pátria, Saara Ocidental, e à sua família – depois de 32 dias de greve de fome, após ter sido detida pelas autoridades marroquinas no aeroporto de el Aaiun, no passado dia 13 de novembro, e enviada para território espanhol -, e considera que esta é uma vitória da luta do povo sarauí.

Desde o primeiro momento que o PCP manifestou o seu apoio para com a luta de Aminetu Haidar, desenvolvendo múltiplas iniciativas de solidariedade, de que são exemplo a aprovação, por sua proposta, de um voto de solidariedade pela Assembleia da República e a deslocação do Grupo parlamentar do PCP no Parlamento Europeu a Lanzarote, reafirmando a sua solidariedade de sempre para com a justa causa do povo sarauí e a Frente Polisário, sua legitima representante.

Face ao contínuo desrespeito do direito internacional e às deploráveis e constantes tentativas por parte das autoridades marroquinas de bloquear o cumprimento das resoluções da ONU, o PCP reafirma a exigência do pleno respeito do direito do povo sarauí à autodeterminação, incontornável e única solução viável, justa e durável para o conflito, isto é, para o fim da inaceitável colonização do Saara Ocidental e da opressão que se abate sobre o seu povo por parte de Marrocos, com a conivência dos EUA e da União Europeia."
 

Da redação, com informações do PCP e do Esquerda.net