Mais de duas mil pessoas vivem nas ruas de Salvador

Salvador tem 2.076 pessoas morando nas ruas. O dado é de um levantamento feito pela Prefeitura Municipal, o Ministério Público Estadual (MPE) e a Fundação José Silveira e foram divulgados na manhã desta terça-feira (15/12), na sede do MP, em Nazaré. Realizada durante o mês de outubro em 11 áreas da cidade, a pesquisa tem como objetivo subsidiar as ações da Prefeitura para esta população, visando o resgate da cidadania e a reintegração destes indivíduos à sociedade.

O levantamento constatou que a população de rua da capital baiana é predominantemente de homens (79,8%), negros (49%) e jovens, com idades entre 18 e 39 anos (70,2%). Entre os 2.010 entrevistados, a maioria (50,6%) foi morar na rua por problemas afetivos e familiares. O segundo motivo apontado foi o uso de drogas e álcool com 34,2%.

A Cidade Baixa é a região com mais moradores de rua (620), seguida de Pelourinho, Baixa do Sapateiros, Barroquinha e Barbalho (com 487) e o Centro da cidade (com 321). Além dos homens adultos, também há mulheres, crianças e adolescentes vivendo nas ruas, que representam 10,5% do total. O censo apontou também que 89,6% dessa população é originária da própria cidade de Salvador ou de municípios da Região Metropolitana.

A pesquisa realizada entre os dias 6 e 30 de outubro, em 11 áreas da cidade, conclui ainda que o problema é resultado da incidência de diversos fatores sobre um mesmo indivíduo. Apesar de apresentar o rompimento dos laços familiares como maior causa da caminhada às ruas, indica que a perda do trabalho, o consumo de álcool e drogas e a perda da moradia também são fatores que motivam a vida nas ruas.

Dos 2010 recenseados, 66 não aceitaram participar da pesquisa, 285 declararam já ter passado por abrigos institucionais, 148 já estiveram internados em hospital psiquiátrico e outros 148 moradores de rua já passaram pela casa de detenção. Essa população vive em áreas da cidade caracterizadas pela concentração do comércio e de outras atividades produtivas e pela maior circulação de pessoas e veículos.

De acordo com a equipe técnica que realizou a pesquisa, a população em situação de rua de Salvador tem sua condição de vulnerabilidade agravada pela falta de documentos básicos, indispensáveis para atos civis e ao exercício da cidadania política, como a carteira de identidade, certidão de nascimento e título de eleitor. Essa população, lamentou a socióloga Ângela Borges, “apesar da visibilidade social, ainda é invisível para as estatísticas”.

Foi exatamente a falta de dados que motivou a pesquisa, pois havia a necessidade de instrumentalizar a Prefeitura no momento de traçar políticas públicas para resolver o problema. A expectativa agora é pela adoção de medidas efetivas para melhorar a situação das pessoas que vivem nas ruas da capital baiana.

De Salvador,
Eliane Costa com agências