A intriga e sobre o ‘’fiasco’’ do Palmeiras no Brasileirão

 Gente, sou Palmeirense e não sou sofredor. Não sofro porque as coisas do futebol são compreensíveis. O Palmeiras liderou o Brasileiro por quase vinte rodadas. Na liderança estiveram o São Paulo, Atlético Mineiro, Internacional e Flamengo, campeão. ¼ dos clubes estiveram na liderança. A lista dos que entraram na classificação da Libertadores é maior ainda. Campeão apenas um. Libertadores entram cinco, com a Copa do Brasil. Aqui foi uma grande perda mesmo.

 Na hora que o palmeiras deixou escapar o título uma avalanche de cobranças veio pra cima do time, dos jogadores e da diretoria. São Paulo, Inter, Galo, parece normal eles perderem o título. Mas no Palmeiras não.

A mídia faz uma intriga sem tamanho de diretores, ex-presidentes, jogadores, torcedores. No domingo, 13/12, a rádio Joven Pan colocou uma entrevista com Mustafá Contursi, rebatida depois por Luiz Gonzaga Beluzo, que deu dó. Falta de pauta, pura intriga. Um acusa o outro que é obrigado a responder, na resposta se acusa o outro que é chamado a tréplica e assim vão enredando o time numa rede de intrigas sem fim.

Mas agora é erguer a cabeça, fazer o planejamento, manter boa parte do time. Focar na Copa do Brasil, usar a sulamericana como preparação para a Libertadores de 2011. Jogar o Paulistão e o Brasileirão de 2010 com tranqüilidade.

Não dá para ganhar tudo, precisa ter prioridade e planejar isso com eficácia. A torcida tem razão em reclamar. Mas, cercar, ameaçar e bater em jogador é outra coisa. Não concordo com isso mesmo. Mas também penso que os baladeiros podem ir embora. O time precisa de gente com garra, determinação, amor à camisa.

Ser profissional não é só exigir salários milionários e em dia. É preciso suar em campo. Honrar nossos tostões deixados na portarias desorganizadas dos estádios, inclusive do Parque Antártica. O Corinthians subiu da segundona, ganhou o paulista e Copa do Brasil e desapareceu no Brasileirão. Falavam em ganhar a Tríplice coroa.

Nossa gloriosa mídia esqueceu disso. O São Paulo subiu, liderou, abriu três pontos na reta final, era Fred Krugger, feito para matar, caiu e quase fica fora da Libertadores. O Atlético mineiro foi a coqueluche, liderou boa parte do campeonato, se reforçou no decorrer da competição. Não se diz nada.

O Fluminense… bom o Fluminense quase vence a libertadores, quase vence a sulamericana, quase fica na segundona. Reforçou seu time com Fred, esse sim o matador, o terror da segunda fase do brasileirão. O Flu escapou e viu seu maior rival ser o campeão. Nossa mídia só elogiou o time, em parte com muita razão.

Quanto a nossa mídia, essa é  mesmo um pouco doente, meio deformada pelo mercado. Na política só  vê a corrupção, embora essa exista. No cotidiano só vê  tragédia, embora essas ocorram. Nos clubes só vêem as intrigas, embora isso aconteça.

Mas na vida há beleza, há decência, há bons propósitos, há amor pelos esportes e pelos times. Mas há olhos que se negam a enxergar isto. Tem veículos de comunicação que vive do esporte mas tentam o tempo todo jogar os torcedores contra seus clubes, dirigentes e quebrar o encanto. É que eles vivem de patrocínios de bebidas, cigarros e outras coisas.

Se dependessem de torcida também talvez tivessem outra postura ou comportamento. Portanto para a maioria dos clubes há méritos, para alguns há glórias, para poucos um reconhecimento pela luta. Mas para o Palmeiras é muita intriga, muita provocação, muita besteira falada, filmada, escrita e dita. Pelo menos a nação alvi-verde não depende deles para tocar o seu destino. Portanto, avante palestra, alvi-verde imponente,  mostre em campo o que o campeão do século XX é capaz de fazer no século XXI.

Apolinário Rebelo é jornalista, comentarista esportivo e palmeirense sadio.