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Sul-coreanos usam quadrinhos para ridicularizar a Coreia do Norte

Numa campanha aberta para ridicularizar a Coreia do Norte e seu programa nuclear pacífico, os serviços de segurança sul-coreanos apelaram até para histórias em quadrinho e jogos de computador. A intenção “oficial” é alertar os jovens, supostamente “mal informados”, de que o país vizinho é uma ameaça armada.

Nesta semana a polícia distribuiu uma revista em quadrinho chamada Ji-Yong Viaja no Tempo a crianças de dez a 15 anos de idade. A parábola chega a ser ridícula: os quadrinhos contam a história de um garoto que viaja no tempo com o fantasma do seu pai em um dragão vermelho gigante. Ele assiste a uma versão fantasiosa e manipuladora da Guerra da Coreia, numa saga em que não faltam acusações ao governo do ex-presidente norte-coreano Kim Il-sung.

As revistas em quadrinho foram publicadas após o lançamento de “descubram o espião”. Trata-se de um jogo de computador que a agência de inteligência da Coreia do Sul postou online durante o último verão local.

O fato é que os insistentes ataques à história da Coreia do Norte não foram, até aqui, suficientes para levar a população sul-coreana ao ódio contra o país irmão. A polícia explica: “Criamos esses quadrinhos baseados na descoberta de que a maioria dos jovens sul-coreanos não só é desinformada como tem uma visão altamente distorcida das questões relativas à segurança e à unificação.”

A organização citou uma pesquisa segundo a qual 57% das crianças em idade escolar “não estão conscientes” da guerra coreana. Além disso, 60% das pessoas entre 20 e 30 anos de idade são incapazes de dizer quando a guerra começou. Pode-se dizer, assim, que a nova campanha tem como objetivo reavivar a Guerra Fria e transformar a Coreia do Norte no “inimigo vermelho”.

As autoridades governamentais reconhecem que a geração mais nova manifesta clara simpatia pelo vizinho comunista. Na opinião dessas autoridades, os maiores “culpados” pela visão pró-Coreia do Norte são — acredite-se se quiser — os diretores de cinema liberais. É que eles teriam feito filmes populares de ação nos últimos anos nos quais as distinções morais entre o norte e o sul são difusas. A argumentação é um ensaio para uma escalada da censura — prática que, por sinal, a Coreia do Sul aponta na outra Coreia.

A polícia sul-coreana ficou encafifada neste ano quando um grupo de crianças de menos de 13 anos criou um grupo de mensagens na internet elogiando Kim Il-sung e o seu filho e sucessor, Kim Jong-il. Num das mais absurdos gestos repressivos do mundo ocidental nos últimos anos, seis crianças foram presas e ficaram detidas por pouco tempo por “ameaçarem a segurança nacional”.

Da Redação, com informações do Financial Times