Chargistas Cau Gomez e Simanca homenageados em Salvador

A Câmara Municipal reconheceu nesta terça-feira (22/12) o mineiro Cau Gomez e o cubano Osmani Simanca como cidadãos soteropolitanos. Os chargistas trabalham no jornal A Tarde, mas já atuaram em diversos veículos de comunicação da Bahia. “Estamos apenas fomalizando o que a cidade já fez na prática, que é adotar os dois como seus filhos. Esta é uma forma de reconhecer o trabalho deles para o jornalismo baiano”, afirmou a vereadora Olívia Santana (PCdoB), responsável pela entrega do título.

A Sessão especial contou com a presença de muitos jornalistas e admiradores do trabalho destes dois artistas, que publicam seus trabalhos diariamente nas páginas do jornal de maior circulação no estado. As charges de Simanca e Cau Gomez, porém vão muito além das páginas do Atarde e percorrem o mundo, recebendo muitos prêmios. Antes do início da solenidade de entrega do prêmio, os dois conversaram com equipe do Vermelho Bahia. Confira a entrevista:

Vermelho – Qual a diferença entre ser chargista e cartunista?

Simanca
– O chargista trata o tema político da atualidade é um comentário político gráfico.
Cau Gomez – O cartunista é mais atemporal sem a necessidade de contato com o cotidiano, sem uma pegada política.

V – Qual a importância da charge política para o jornalismo?

CG – Eu acho que ela entra como um complemento marcante, instigante. Porque as vezes os fatos são muito crus, então a charge consegue dá uma dimensão diferenciada, para a pessoa ter um ponto de vista e uma visão critica dos acontecimentos.
S – A charge é um resumo gráfico dos fatos. Tem que ter duas coisas: o acontecimento político e o lado satírico ou humorístico. A charge comporta também a caricatura. Você pode fazer a caricatura do personagem político ou não.

V – Como é o processo criativo de vocês? É livre ou sofre alguma delimitação externa?

S – Não tem delimitação. A gente sempre vai no fato. Acontece um determinado fato e a gente faz uma charge sobre isso. Acho que o importante é conhecer os fatos. O meu processo inclui a leitura dos jornais e outros veículos para saber o máximo possível sobre o assunto e só depois é que eu faço a charge. Não é só fazer o desenho, pois isso eu faço muito rápido devido a prática, mas existe todo um processo de criação por trás dele que é muito importante.

CG – Isso pede um certo bom senso, de não fazer uma charge de baixa qualidade, apelativa ou agressiva demais. Antes de pôr a idéia no papel eu também tento dominar o assunto, mas às vezes acabo me rendendo à grande musa inspiradora do cartunista que o prazo para entregar o trabalho.

V – Vocês colocam suas ideologias políticas nas charges? Ou conseguem deixar isso de lado na hora de publicar um trabalho?

S – Nós sempre temos um ponto de vista político. Mas, o que criticamos são os maus políticos. O nosso trabalho é a crítica, mas não uma crítica ruim e sim uma crítica para a pessoa refletir e melhorar, quem sabe.

CG – Nós conseguimos observar, principalmente na eleição do não passado, que a fato de cutucar um político ou grupo político afetou de alguma maneira as pessoas no decorrer dos fatos e isso foi um retorno. Então isso acaba te tornando mais afiado na hora de observar os fatos.

V – O que é ser um materialista dialético, como você se denomina?

S – É acreditar na realidade objetiva. É não crê no sobrenatural. Como sou dialético, se alguém me apresenta uma teoria e consegue comprova-la eu posso mudar de opinião, mas na prática, o sobrenatural não me impressiona. Cada um tem suas verdades, mas verdades comprovadas. A razão para mim é tudo.

V – Você sempre diz que gostaria de experimentar novos espaços para a sua arte. Qual o espaço dos seus sonhos?

CG – Eu gostaria muito de fazer uma exposição em uma grande galeria. Eu gosto muito de fazer trabalhos abertos ao público, onde a pessoa que está indo para o trabalho possa parar e dá uma olhadinha.

V – Qual a importância para vocês de receberem o título de cidadãos soteropolitanos?

S
– É o reconhecimento de um trabalho que tenho feito e uma grande honra. Na verdade são três honras: a de receber o título; o fato de receber este título das mãos de Olívia Santana, uma pessoa bastante querida e representativa na cidade, além de isto ser ao lado de Cau Gomez, um grande amigo e mestre do cartunismo baiano.

CG – Eu faço minhas as palavras de Simanca. Eu acho que esta é mais uma prova de que esta Casa é democrática e do povo. Tem gente que nunca entrou aqui. Então eu acho importante chamar as pessoas para vim aqui e conhecer o trabalho da Câmara e esta é uma excelente oportunidade para isso.

De Salvador,
Eliane Costa