Como as diversas tradições religiosas vivenciam o Natal?

Ao desejar “feliz natal”, muita gente associa a expressão a uma época de presentes, enfeites, roupas novas e ceia. Outras pessoas sentem, de verdade, amor e fraternidade pelos semelhantes. O clima de festas é também tempo de convite à vivência da espiritualidade. Isso se reflete de diversas formas em diferentes tradições religiosas. Cada uma, a seu modo, busca estimular sentimentos, emoções e práticas que levem a Humanidade a se irmanar no desejo de um mundo mais justo e feliz.

A Agência da Boa Notícia conversou com lideranças de algumas religiões em Fortaleza para saber o que significa o Natal para sua comunidade e como é vivenciado esse período.

Igreja Presbiteriana de Fortaleza – Pastor Marcos Braga

“Eu creio que essa felicidade tão desejada e falada na época do Natal pode ser uma realidade permanente por todo o ano em nossa vida, em nosso dia-a-dia, porque Deus enviou Seu Filho Jesus exatamente para isso: trazer a paz e a felicidade que só Deus pode nos dar. Esse desejo começa no coração de Deus e Ele mesmo está profundamente comprometido para que essa realidade seja provada e vivida por todos na terra”.

Mensagem: Quando nosso sonho ou desejo está em sintonia com o desejo de Deus, com certeza, ele pode se tornar uma ampla o que seja o verdadeiro “Feliz Natal”, com todas as suas implicações abençoadoras para a vida.realidade, por mais difícil que pareça. Cabe a nós sonharmos o sonho de Deus – viver e levar a mensagem de Jesus aos outros.

Doutrina Espírita – João Figueiredo, do Gead – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental Dialógica , Educação Intercultural e Descolonialidade, Educação e Cultura Popular.

“Natal para a Doutrina Espírita representa a oportunidade de homenagear o maior ser que já pisou a face da Terra. Cristo representa para o Espiritismo o principal modelo que o ser humano pode ter quando se trata de virtude e atitudes adequadas na constituição de um mundo melhor, mais solidário e mais justo. Para nós a data tem um significado simbólico, já que sabemos que o Cristo de fato não nasceu em 25 de dezembro, porém é uma bela chance de refletir sobre nossas posturas diante da vida e diante de nossos irmãos e irmãs de jornada”.

Mensagem: Lembramos a grande mensagem retratada no amor a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. Acreditamos que esta homenagem deve ser vivida no exercício do amor ao próximo e não por meio de festanças nas quais apenas aumentamos o grau de violência e alcoolismo já vivenciado no cotidiano de uma sociedade carente de valores éticos e morais cristãos ou poderíamos dizer solidários e comprometidos com o compartilhamento dos bens sociais com toda a sociedade, particularmente, com os mais necessitados de apoio e amparo. Assim no entendimento espírita, a maneira mais apropriada de comemorar o Natal é homenagear o Cristo no experimentar o amor e a solidariedade com nossos parceiros de jornada terrena, já que estamos aqui em uma escola de aprendizagem, na qual a maior lição é a do amor ao próximo como a nós mesmos. Lembramos ainda que nosso projeto de futuro é que o Natal seja vivido em todos os dias do ano por todos os anos que virão. Para nós o fundamental é mesmo o amor… Cristo representa este amor, por isto é o caminho, a verdade e a vida… vida em abundância. Vibrações na forma de paz, amor e sabedoria…”

Budismo – Áthila Girão

O Budismo teve origem na Índia na figura de Sidarta Gautama, o Buda , que significa o “Desperto”, 500 anos antes de Cristo com doutrina filosófica e religiosa próprias sem vínculo com a Era Cristã. O período natalino são festividades principalmente relacionadas ao Cristianismo, portanto, em se tratando do Budismo Zen, que é a escola que praticamos, não há comemorações, ou cultos, ou práticas religiosas em intenção ao nascimento de Cristo. O que comemoramos na forma de retiros com práticas de meditação (zazen) intensas de oito dias é a data de iluminação de Sidarta Gautama, o Buda Xaquiamuni, quando ele sentou em meditação sob a árvore Bodhi por sete dias e sete noites e só saiu ao atingir o Satori ( iluminação ou despertar da consciência) na manhã do oitavo dia. Então de 1 a 8 de Dezembro muitos templos realizam o Grande Retiro ou Horatsu em alusão a este acontecimento histórico para os budistas.

Igreja Católica – Padre Raimundo Neto, Pároco de São Vicente de Paulo

“Para a Igreja Católica, o Natal é uma festa cristã que tem dois objetivos: celebração do mistério da salvação da humanidade, através de Jesus Cristo que veio nascer entre nós, e relembrar como esse mistério aconteceu, através da leitura atenta do Evangelho de São Lucas no capítulo 2, especialmente o texto que fala do nascimento de Jesus. Natal é a festa da encarnação do nosso Deus na história humana. É Deus assumindo a corporeidade humana em Jesus. É celebrar Jesus no meio de nós. Não o imaginamos distante, mas bem próximo de nós. Ele está presente: na Comunidade Cristã conforme Mt. 18, 20; b; na escuta da Palavra de Deus, Lc. 24, 32; na celebração eucarística (Lc. 24, 31; d) e nos sinais dos tempos e da história, conforme Mt. 28, 20. O verdadeiro natal é o com Cristo. Natal sem Cristo é natal pagão. No lugar do natal dos presentes (objetos do consumo) seja o Natal de Jesus presente.

Fonte: Agência da Boa Notícia