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Otimismo: Resultados do final de 2009 que irão condicionar 2010

Alguns resultados divulgados no final de 2009 dão uma indicação favorável para a economia brasileira em 2010, em áreas como contas públicas, crédito, expectativas empresariais e grau de utilização da capacidade instalada.
 
Por Julio Gomes de Almeida, na Terra Magazine

Os resultados das contas públicas para o mês de novembro mostram uma significativa melhora, reflexo, especialmente, da maior arrecadação de tributos propiciada pela reativação da economia. Foi registrado superávit primário (saldo das receitas sobre as despesas não considerando as despesas com juros) de R$ 12,7 bilhões ou 4,5% do PIB, o que eleva a expectativa de que o setor público brasileiro cumpra as metas fiscais estabelecidas para 2009 e 2010. A meta fiscal para 2009 foi estabelecida em 2,5% do PIB, podendo ser abatido desse o percentual correspondente ao gasto com investimentos em infra-estrutura do PAC (o Programa de Aceleração do Crescimento), equivalente a 0,94% do PIB. Para 2010 a meta fiscal é de 3,3% do PIB. Desse percentual podem ser descontados 0,65% do PIB referentes às obras do PAC previstas no Orçamento de 2010. O governo vem afirmando que vai cumprir integralmente a meta fiscal de 2010, ou 3,3% do PIB.

No crédito, segundo dados do Banco Central, em novembro o volume total de financiamentos chegou a R$ 1.388,6 bilhões, o equivalente a 44,9% do PIB. Frente ao mesmo mês de 2008, houve um avanço significativo de 6,0 pontos percentuais. Em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA) o crescimento frente novembro de 2008 foi de 10,3%. Ao longo de 2009, a liderança desse crescimento coube aos financiamentos concedidos para as pessoas físicas, mas gradativamente, a liderança vem sendo transferida para os financiamentos às empresas, o que deve sustentar uma expressiva aceleração real do crédito em 2010. A queda das taxas juros e da inadimplência também favorece as expectativas de evolução do crédito no corrente ano.

A pesquisa de confiança dos empresários industriais, da Fundação Getúlio Vargas, apurou importante evolução da confiança em dezembro, de 2,5% em relação a novembro, descontados os efeitos sazonais. Também constatou evolução de 0,9 pontos percentuais frente a novembro do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), que chegou a 83,8% na série com ajuste sazonal. Este é o resultado mais elevado desde outubro de 2008 (85,1%). É muito importante a conjugação de ambos os resultados: maior confiança dos empresários juntamente com maior utilização da capacidade produtiva significa poderoso estímulo ao crescimento do investimento e, como consequência, uma evolução da oferta de bens e serviços capaz de neutralizar possíveis pressões inflacionárias de demanda.

Júlio Gomes de Almeida é professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.