Direita desfarçada de base aliada

A popularidade do governo Lula e a proximidade das eleições de outubro provocam alterações esdrúxulas nas defesas de certos personagens políticos. Na tentativa de aproveitar a densidade eleitoral do presidente, muitos são os que correm para seu lado e passam a se apresentar como membros da base aliada. Por outro lado, essa capa da qual se revestem demonstra-se meramente eleitoreira e oportunista, quando observadas suas ações direitistas e punitivas ao povo.

No Amazonas, o prefeito de Manaus Amazonino Mendes é o exemplo mais saliente disso. Histórico coronel de barranco e cacique do PFL (hoje travestido de Democratas), Amazonino construiu sua biografia tendo como uma das principais características os ataques aos movimentos sociais, fortes medidas neoliberais em suas gestões e alianças sólidas com outras organizações elitistas e setores do empresariado dos mais inescrupulosos.

Há mais ou menos dois anos, no entanto, constatou a crescente popularidade do campo político de centro-esquerda que dá sustentabilidade ao governo Lula, ingressou no PTB e passou a ser mais um do time dos puxa-sacos, que, segundo a marchinha de carnaval, “cada vez aumenta mais”. Eleito prefeito, Amazonino incorporou de uma vez por toda essa máscara e já reuniu inúmeras vezes com o presidente e vários de seus ministros.

Nesse momento, em que ocorrem articulações para formação de possíveis alianças para a eleição desse ano, já declarou que apoiará o “candidato do Lula” para governo do estado. E afirmou não ser candidato esse ano, embora tenha programado uma série de inaugurações para 2010 e iníciado forte investimento na divulgação dos atos de sua gestão.

O grau de nocividade que Amazonino representa à população não gira apenas em torno da possível camuflagem de sua candidatura ao governo do estado ou no seu fortalecimento para ser tornar o prefeito da Copa de 2014. Em sim no que ele já causou e continua a causar ao povo.

Numa resumida retrospectiva da sua gestão na prefeitura de Manaus, que acaba de completar um ano, é possível identificar que sua proximidade com o governo Lula se dá com o objetivo único de capilarizar a desindade eleitoral que estes construíram para continuar emplacando toda a linha que o caracteriza ao longo dos anos que atua políticamente.

O golpe desferido contra o estudantes quando apresentou o projeto que reduziu a meia passagem e restituiu as filas para a compra dos créditos, o anúncio de privatização do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (IMTT) e a recente aprovação da Taxa de Resíduos Sólidos Domésticos, a chamada “taxa do lixo”, falam por si só.

Aliado eleitoreiro e oposicionista no que tange aos programas que venham suprir as demandas das classes populares. Assim é que pode ser definido o coronel de barranco quanto à relação com o governo Lula.

De Manaus,
Anderson Bahia