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Eleições para reitor da USP: o desrespeito ao antidemocrático

Às vésperas da posse do novo reitor da Universidade de São Paulo (USP), a diretora da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) Marina Cruz comenta a indicação do reitor João Grandino Rodas, segundo colocado de uma lista tríplice escolhida sob condições polêmicas.


- Arquivo UNE

Por Marina Cruz

O acontecimento mais recente da história da Universidade de São Paulo (USP) foi a eleição para o cargo de reitor. E o que a constituiu como maior fato político dos últimos tempos foi a escolha, pelo governador José Serra, do segundo colocado da lista tríplice para assumir a pasta, não o primeiro, como mandava a tradição.

E o melhor, ou pior, é que o candidato escolhido foi protagonista de um dos mais nefastos incidentes recentes ocorridos no campus de Direito – a entrada da tropa de choque na USP, em contrapartida à greve ali instaurada, ação não mais praticada desde o regime militar.

Sendo assim, o Sr. João Grandino Rodas, novo reitor da USP, torna-se a personagem que representa um processo eleitoral antidemocrático, o desrespeito mesmo a esse processo insuficiente, e o conservadorismo repressivo dos movimentos sociais, força maior do papel do governo tucano no Estado.

Antidemocrático, pois não engloba a totalidade dos interessados na escolha do novo reitor, deixando de fora conjuntos maiores que constituem a vida diária da universidade, os estudantes e funcionários. Por ser uma universidade pública estadual, compreende-se que a sociedade paulista é quem deva decidir pelo novo comandante do ensino, o que leva essa decisão ao governador do Estado.

Serra teve três opções de escolha, a famosa lista tríplice. Julgava-se caber ao governador respeitar a decisão da maioria dos participantes no processo eleitoral, uma vez que esses vivem cotidianamente a realidade da academia e levando em conta os prós e contras dos candidatos, fazem a melhor opção. No entanto, mais uma vez, de forma a desrespeitar um processo que não representaria por si só a vontade da maioria dos uspianos, o governador escolheu o segundo colocado na votação.

Observando esses fatores, em consonância com a greve recente, é mais do que natural que o novo reitor seja a expressão da revolta de toda comunidade acadêmica. Porém, devemos nos atentar para que, por mais que Rodas seja a expressão dessa revolta, nossa atenção seja a mudança do estatuto da USP, que permite que, nos próximos três anos, os professores, funcionários e estudantes sejam regidos por uma personalidade que não os representa e, muito pelo contrário, representa a política neoliberal do governo do estado em não ouvir a própria voz da USP!

Nesse contexto se deram as eleições ao Diretório Central dos Estudantes Livre da USP, muito representativo, trazendo a participação de mais de 9.000 votantes. A União Estadual dos Estudantes de São Paulo faz coro com essa força que o movimento estudantil representa, em condições tão indignas para a universidade. Os estudantes, mais uma vez, serão protagonistas na luta por mais democracia nos campi da USP, por mais qualidade na educação pública paulista, por melhores salários aos professores e funcionários, enfim, pela democratização do ensino de qualidade a que todos os cidadãos e cidadãs paulistas têm direito!

Fonte: Estudantenet