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Morales toma posse destacando derrota da velha república colonial

 O líder indígena Evo Morales assumiu, nesta sexta-feira (22), seu segundo mandato presidencial consecutivo na Bolívia, proclamando o nascimento do novo Estado Plurinacional, em substituição à velha república colonial, e ratificando o resultado das lutas dos movimentos sociais e indígenas. Ele afirmou que governará os próximos cinco anos para promover o desenvolvimento, a unidade e a integração do país.

Morales prometeu igualdade, justiça e maciços investimentos públicos para colocar a Bolívia no caminho do desenvolvimento e de uma acelerada industrialização.

O mandatário, reeleito em dezembro, tomou posse na primeira sessão bicameral da Assembleia Plurinacional, órgão que substitui o antigo Congresso em aplicação à nova Constituição. Na solenidade, ele enumerou os avanços conquistados pela sua primeira adminsitração.

Alvo de inúmeras investidas da oposição durante os primeiros anos de mandato, Morales relembrou que não foi fácil governar a Bolívia, com adversários que usavam todos os instrumentos e etratégias para desestabilizar a democracia e um governo que decidiu pôr fim à sinecura de grupos de poder econômico que se fortaleceram durante as ditaduras militares e governos neoliberais. 

“Eles pensaram que o túmulo do índo seria uma inflação semelhante à que se produziu no governo da Unidade Democrática e Popular (1982-1985), mas não foi assim. Rompemos todos os recordes de gestão econômica ao registrar percentagens inflacionárias mínimas e um aumento de captações por exportação”, disse.

O líder indígena agregou que a oposição tentou derrubar o governo com um referendo revogatório, em agosto de 2008, do qual saiu perdendo, porque o povo ratificou o apoio ao presidente com uma votação acima do esperado.

Ressaltou ainda que a oposição de direita e a serviço das oligarquias chegou a conspirar para desencadear um golpe cívico-prefeitural em algumas regiões, que deixou um rastro de violência e mais de uma dúzia de camponeses massacrados no estado de Pando, mas não conseguiu seu objetivo.

Morales ressaltou que “tudo só foi possível – as conquistas econômicas, políticas e sociais -, pela consciência social e o respaldo popular”. Ele disse ainda que houve progressos na luta contra a corrupção, mas reconheceu ainda há muito a fazer para que  “estas práticas coloniais e neoliberais sejam superadas completamente”.

Estado Plurinacional

Ele e o também reempossado vice-presidente Alvaro García devolveram à Assembleia os antigos símbolos republicanos de mando e receberam em troca outros com a denominação de Estado Plurinacional da Bolívia, e a bandeira multicolor indígena "wiphala" ao lado da bandeira nacional.

O presidente boliviano disse que a entrada em vigência do novo Estado Plurinacional era essencialmente um acontecimento "popular", destacando o papel dos movimentos sociais na resistência à colonização e às ditaduras "para recuperar e refundar a pátria".

"Sinto que chegou a hora de buscar a igualdade, a dignidade, a unidade na base da solidariedade de todo o nosso povo", expressou, convocando a Assembleia Legislativa Plurinacional  a trabalhar com celeridade para aprovar leis que permitam a aplicação pontual da nova Carta Magna.

Nesse sentido, ele deu como exemplo, a necessidade de que se promova uma revolução no Poder Judiciário, “para que a justiça deixe de estar submetida aos poderosos e a lei se aplique a todos os cidadãos”. 

No discurso do presidente, também teve espaço para o reforço às críticas contra a postura imperialista dos Estados Unidos. Evo queixou-se da ingerência norte-americana na diplomacia boliviana, advertindo que os EUA não podem proibí-lo de se relacionar com países como Cuba, Irã ou Venezuela. "Que não venham os EUA nos dizer com que países devemos ter relações e com quem não devemos",colocou.

García Linera

Já o vice-presidente García Linera, que também renovou o cargo, em seu discurso, afirmou que o horizonte do país é o socialismo. "Nossa modernização estatal, que vamos construir e que já estamos construindo com a liderança popular, é muito diferente da modernidade capitalista. É preciso colocar nome: nosso horizonte estatal é um horizonte socialista", disse García Linera.

O vice – um ex-guerrilheiro que foi preso nos anos 90 e acompanha Morales desde o primeiro mandato – destacou a "via democrática ao socialismo" que o país tomou. "O socialismo é bem-estar, é dividir a riqueza. É o que faziam nossos antepassados, só que em uma escala maior com tecnologia e produtividade", disse.

Milhares de correligionários de Morales, muitos indígenas de diversas regiões do país, se concentraram na Praça Murillo para acompanhar a posse. Estiveram presentes os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez; do Equador, Rafael Correa; do Chile, Michelle Bachelet; e do Paraguai, Fernando Lugo. També particparam o herdeiro da Coroa espanhola, o príncipe Felipe de Borbón; o presidente da República Saaráui, Mohammed Abdelaziz; e altos representantes dos Governos de Cuba, Colômbia e Peru.

Com agências

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