PCdoB – São Miguel se reúne para preparar o planejamento de 2010

A direção do Comitê Distrital de São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista, que atua também na região da Penha e adjacências, se reuniu neste sábado, 30/1, conforme previsto na última reunião realizada em 2009, para planejar as ações dos comunistas em 2010.

Além da Copa do Mundo, que mobiliza a grande maioria dos brasileiros, unindo-os pela emoção e amor ao futebol e à nação, este ano teremos eleição em todo o país. “Estão em disputa dois projetos antagônicos”, afirmou Vandré Fernandes, dirigente do comitê municipal destacado para fazer a atualização da conjuntura política. “De um lado estão os trabalhadores e o povo em geral, do outro estão os banqueiros, a mídia e toda a elite burguesa que compõe a oposição conservadora”, ressaltou. “Trata-se de uma demonstração pura da luta de classes”, definiu, lembrando que nesta batalha pela sucessão presidencial, o presidente Lula não é candidato.

Sobre as alianças em construção, avaliou que ainda não há nada definido. Para os tucanos não está sendo vantajoso juntar-se aos Democratas que, além de ser o partido que mais encolheu no último pleito eleitoral, viu no último período, seu único governador, José Roberto Arruda (DF) envolvido em escândalos de corrupção.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) despenca 46% na pesquisas, tendo hoje apenas 28% de aprovação. Por sua vez, o governador de São Paulo José Serra (PSDB), provável candidato à presidente como representante da elite brasileira, vai perdendo musculatura nos estados paulistas. Este é o resultado da falta de projetos, tanto estadual como municipal, que atenda as necessidades da grande maioria da população. A prova disso é a situação precária dos moradores de uma região da Zona Leste, conhecida como Baixada, que agrega vários bairros, entre eles o Jardim Romano que desde o dia 8/12, ocupa espaço na mídia, devido ao alagamento permanente.

Do outro lado, representando o campo popular, a possível candidata indicada pelo presidente Lula, a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, vai passando a frente do adversário em vários estados. Em Pernambuco, ela tem 47% da preferência, contra 26% de Serra. No Rio de Janeiro, com 26%, perde apenas por 1%.dos votos. “Ela vem demonstrando que tem potencial”, declarou Vandré.

O objetivo dos comunistas, que vem interferindo nas discussões atuais, é o de fortalecer o bloco de centro-esquerda. Nesse sentido, se enfraquece a possível candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB), cogitado para travar a disputa majoritária em São Paulo. A candidatura da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marian Silva (PV), apresenta-se com certo grau de confusão, já que indicou como vice o presidente da Natura, única empresa de cosméticos que ainda faz experimentos com animais vivos.

Em prol do campo progressista, lembrou-se ainda que no dia 1º de junho acontece a Conferência Nacional dos Trabalhadores, a Conclat, que elaborará uma plataforma única, com propostas que serão apresentadas aos candidatos à sucessão presidencial. Para o dia 31/5, a Coordenação dos Movimentos Sociais, convocou uma Assembléia Nacional para também definir um documento comum de reivindicações.

PCdoB se posiciona bem
De acordo com o dirigente municipal, nos últimos oito anos o PCdoB tem interferido em importantes discussões que acabaram resultando em projetos de grande envergadura para o desenvolvimento do Brasil. A avançada atuação política frente ao Ministério do Esporte, por exemplo, garantiu conquistas importantes como a realização da Copa e das Olimpíadas em solo brasileiro. Apesar das críticas e das queixas da oposição conservadora, esses dois eventos trarão muitos investimentos ao país, além de gerar milhares de empregos. A descoberta das imensas jazidas de petróleo, deve-se a ação dos comunistas que, no comando da Agência Nacional de Petróleo, priorizou investimentos na área.

Na disputa pelas duas vagas a senador, o vereador Netinho de Paula (PCdoB), em pesquisa espontânea, ocupa o 2º lugar da lista, perdendo apenas para o senador Aloizio Mercadante (PT). Para a Câmara dos Deputados, o PCdoB, que lançará em São Paulo cerca de oito candidatos, em chapa coligada, pretende saltar de 13 para, no mínimo, 26 representantes. O que confere à legenda musculatura de um partido de tamanho médio. Para a Assembléia Legislativa de São Paulo, a chapa deve ser própria e contar com aproximadamente 90 nomes, representando distintos segmentos sociais. Muitos com condições efetivas de saírem vitoriosos das urnas. A intenção é a de eleger, no mínimo, dois deputados.

Para tanto, o partido na capital paulista terá uma atuação ativa, com uma agenda marcada por manifestações de rua. “Além de fazermos as habituais visitas aos amigos e simpatizantes do partido, vamos intensificar as atividades de massa.”, adiantou Vandré. “A meta é propagandear as resoluções do partido em todas as áreas sociais, por meio da militância”, esclareceu. “Vamos falar muito sobre o 3º salto civilizacional que prevê a implantação do Socialismo como uma nova forma de organização social”. Assim, o PCdoB estabeleceu o “Março Vermelho”, para o qual estão sendo preparadas diversas atividades de massa, a exemplo do curso básico (CBV) que será realizado em uma universidade para um público de aproximadamente 600 filiados. “Este é um ano de muitos cursos e propaganda”, concluiu.

Em março acontecem também as manifestações das mulheres que, este ano, celebram 100 anos da criação do Dia Internacional da Mulher, em 8 de Março; além da celebração dos 88 anos da fundação do PCdoB. Este ano, segundo o dirigente, serão realizados muitos atos descentralizados nas regiões.

Aberta a palavra
Embora alguns camaradas da direção se ausentaram no período da manhã por causa de uma reunião marcada de u[ultima hora para discutir os problemas das enchentes no Jardim Romano e vários bairros vizinhos que nunca haviam sido afetados pelo transbordamento do rio Tietê, se pronunciaram, numa primeira rodada de debate, onze camaradas.

A ex-deputada Ana Martins sugeriu que todos os membros da direção local lessem e debatessem o documento que contém as resoluções aprovadas no 12º Congresso. “O documento deve nortear a nossa atuação”, defendeu. Lembrou ainda a importância de politizar as lutas para direcionar o movimento popular rumo ao Socialismo. Outras preocupações foram levantadas como retomar as reuniões nas bases do partido e constituir novas bases a partir do interesse e interação de cada militante.

Considerações Finais
No fechamento do debate, Vandré ressaltou a importância da elaboração da nova carta dos trabalhadores, na qual estarão apontadas as mudanças necessárias para fazer avançar o projeto de desenvolvimento para o país, defendido pelo PCdoB. Entre as propostas deve constar a redução dos juros, herança deixada pelo governo FHC, que inibe o consumo, a produção, a geração de empregos, enfim o crescimento econômico e social do país. “A redução dos juros e da jornada de trabalho, sem a redução dos salários são dois grandes baques no capitalismo”, afirmou.

Sobre a formação política e ideológica dos comunistas, informou que serão realizados cursos específicos para os trabalhadores. O primeiro reunirá cerca de 100 condutores classistas, que no processo de conferência e preparação do 12º Congresso foi a base que mais reuniu.

Uma casa pela outra
Os dirigentes locais que participaram da reunião ocorrida na Baixada para discutir soluções às enchentes, explicaram que no momento busca-se a unidade do movimento que dividido por iniciativas isoladas, efetuadas pelas inúmeras associações que atuam na região, não se fortalece com a construção de uma pauta única. “A unidade neste momento é essencial para garantir a vitória do movimento”, explica o presidente do comitê de São Miguel, Abel Toledo que, ao lado do vereador Jamil Murad e do vice-presidente do comitê municipal Alcides Amazonas, vem interferindo no curso da luta.

No dia 4/2, às 16h, deverá ser realizada uma manifestação na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, a praça do Forró, em São Miguel Paulista, Zoan Leste da capital. Os moradores reivindicam a justa valorização de seus imóveis. A bandeira levantada é: uma casa pela outra. Quem está recebendo os R$ 300,00, referentes ao “bolsa aluguel”, também estão numa situação difícil. Em geral, a quantia que a prefeitura de São Paulo distribuirá às famílias nos próximos seis meses não é suficiente para custear uma nova moradia que ainda depende de fiador e outras burocracias. A maioria das famílias, vítimas da falta de políticas públicas e mais investimentos na área da moradia, estão alojadas em casa de parentes ou amigos.

Já no dia 8/2, às 14h, o protesto acontece em frente ao prédio da prefeitura no Viaduto do Chá. Indiferentes aos apelos dos moradores por soluções que não lhes causem tanto prejuízos e mais desconfortos ainda, os governos municipal e estadual, pois a área pertence ao DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica, administrado pelo governador Serra, se preocupam com a implantação de um Parque Linear no local, uma das principais bandeiras dos tucanos e demos.

Calcula-se que as comportas, que evitariam o transtorno no local, não foram abertas intencionalmente. Com a situação agravada, fica mais fácil desocupar a área. Os moradores enfrentam a invasão das águas do rio Tietê e do esgoto da região há quase dois meses. Para os comunistas, a dupla Serra/Kassab não discutem a raiz dos problemas. “O rio Tietê faz parte da Zona Leste e a falta de moradia faz parte da nossa realidade”, destacou Ana Martins, ao lembrar que, para se safar da responsabilidade, culpa a população pelo acúmulo de lixo nas ruas.

No período da tarde, os responsáveis pelas secretarias fizeram breve apanhado sobre a situação atual e as perspectivas de trabalho para o próximo período. Comprometeram-se a elaborar um documento que deverá ser avaliado e debatido no dia 20/2, quando os comunistas voltam a se reunir, com a presença de todos os membros do pleno e dos pré-candidatos à deputado estadual da região.

A ex-deputada Ana Martins, que joga papel relevante na melhoria da qualidade da atuação dos comunistas da zona leste, graças a influência e a experiência adquirida em seus 50 anos de militância no movimento popular, ressaltou a participação na luta pela implantação de mais uma universidade pública na região. O governo federal está destinando verbas para a criação de diversos cursos universitários em vários prédios das regiões leste e sul. “A novidade da UNIFESP é que os cursos serão voltados para a formação de técnicos que deverão atuar em projetos de desenvolvimento já em curso, como a exploração de petróleo pelo pré-sal”, disse Ana. A secretária da pasta que desenvolve trabalho junto aos movimentos sociais, Maria José, lembrou que este ano a população também elegerá os Conselheiros Tutelares.

Os comunistas almejam, desde já, otimizar a distribuição dos materiais de propaganda do partido, como a Classe Operária, que habitualmente é distribuída na fábrica Texima, na estação de trem do Itaim Paulista e na universidade Cruzeiro do Sul em São Miguel; potencializar a estrutura existente, transformando a sede num espaço de luta, com atividades permanentes voltadas para a área das artes e das culturas, com a organização de saraus; e promover atividades de finanças, como bingos, rifas, almoços, churrascos, festas etc, para custear as despesas locais.

Os camaradas com mais disponibilidade de tempo se propuseram a dar plantão para garantir que as portas do PCdoB estejam sempre abertas em São Miguel Paulista. Outros, além da contribuição financeira por meio do Sistema Nacional, estão dispostos a contribuir um pouco mais, dando uma contribuição extra ao comitê distrital. Todos os membros do secretariado ficaram responsáveis em montar equipes que ajudarão nas tarefas partidárias. “No PCdoB não há trabalho sem equipe”, finalizou Ana Martins. A reunião nas bases já constituídas na região deverão ser retomadas antes das comemorações dos 88 anos do PCdoB, que acontece no final de março.