Jô lança campanha: Quero minha cidade pra mim!

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) levou hoje (3) à tribuna da Câmara a questão do cerceamento ao uso dos espaços públicos na cidade de Belo Horizonte pela população, o que acabou por deflagrar o protesto de “banhista” na Praça da Estaçã

Jô Moraes - Pedro Leão

Trata-se do decreto municipal que coíbe a utilização daquela área à manifestação popular. A parlamentar denunciou que outros espaços também estão sendo proibidos ao uso coletivo, através de retiradas de mesas e cadeiras de calçadas à noite ou nos finais de semana, e até mesmo o desfile de blocos carnavalescos em pequenos trajetos.
 
Qualificando o fato de verdadeira aberração, ela reiterou a campanha Quero minha cidade pra mim! lançada através da rede social twitter (http://twitter.com/jomoraes), como reação às medidas que já vem provocando certo medo nos comerciantes e usuários desses espaços. Ela alertou, para o fato de as pessoas serem mais propensas a cuidar e amar aquilo de que se sentem donas, partícipes, integradas. “Amo Belo Horizonte e Minas Gerais que me adotaram, que me fizeram sentir e me tornaram uma igual. Digo: sou belo-horizontina e mineira. Quero, como os demais belo-horizontinos e mineiros usar e desfrutar dos espaços desta cidade, de suas calçadas, de seus equipamentos, suas escolas.

Quero poder sair no Bloco do Peixoto que tentou percorrer pouco mais de uma quadra da Brasil 41 até o Lapa Multshow e foi barrado. Rejeito, daqui desta tribuna, em nome da cidade, de Minas Gerais a tentativa de amedrontamento. A montanha sempre está livre, senhores. Quero a minha cidade pra mim!”, proclamou. Discurso Aqui a íntegra do pronunciamento da deputada federal Jô Moraes: “ Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, tenho a honra de ser adotada. Tenho a honra de ter mais de uma família. Sou fruto da generosidade de um casal que abriu os braços e me acolheu como filha, na década de 70, nos chamados anos de chumbo. Minas é o meu lar adotivo.

Estou aqui novamente para situar Minas e os mineiros. Para situar Belo Horizonte, onde vivo, sou amada e crio os meus filhos.Pois nesta terra de gente fraterna e muito peculiar está acontecendo um verdadeiro atentado contra o direito imortalizado pelo nosso grande poeta Castro Alves, quando diz que A Praça é do povo, como o céu é do condor!.Pagamos todos nós mineiros, belo-horizontinos de nascimento, adoção ou opção a reforma de um dos mais belos e grandiosos espaços da cidade: A Praça da Estação. Local que está ligado ao nascimento e à história da cidade; onde chegam e saem os trens e as composições do ainda incipiente metrô. Pois este espaço de 12 mil metros quadrados, com fontes de água brotando do chão num espetáculo memorável, com alamedas, estátuas, jardins, além de vários outros monumentos e equipamentos históricos e urbanos, está proibido ao uso popular.

Isto mesmo, senhoras e senhores. Um decreto municipal cerceia a sua utilização pela população, sob o argumento de que pode depredá-lo, danificá-lo, enfim.No centro da praça, defronte da Estação Ferroviária, transformada hoje em Museu de Artes e Ofícios, está uma imponente estátua em bronze o Monumento à Terra Mineira. Trata-se de uma referência não só àconquista dos bandeirantes, quanto uma homenagem aos mártires do movimento libertário das Gerais, a Inconfidência Mineira. Abaixo da estátua do homem nu, másculo, com a bandeira de Minas a inscrição em latim: Montani Semper Liberti, que se traduz em A montanha sempre está livre. Pois bem, é nesta praça, com este tamanho significado e representação para o povo das Minas Gerais que um decreto quer tolher seu uso.

Mas, como eu disse no início de minha fala, o belo-horizonte, o mineiro, é um povo peculiar. Ao invés de partir para o confronto direto, encontrou uma forma diferente de protestar contra este triste engano. Numa referência ao fato de Minas não ter mar, a cidade resolveu que sua praia é a Praça da Estação o local de efervescência política e cultural dos anos 70.Trajando biquínis e sungas seus moradores decidiram mostrar de forma divertida e inusitada o quão ridículo é o decreto municipal. O movimento começou com um grupo pequeno – uma meia dúzia de corajosos armados de bóias e óculos – que estendeu toalhas no piso de pedras avermelhadas do espaço para assim fazer o seu protesto.

O movimento logo se expandiu e no último sábado, dia da semana em que se reúnem, havia mais de uma centena de praieiros. Como reação ao movimento, a Prefeitura fechou a água do local, inibiu o espetáculo das fontes, na esperança de neste calor de mais de 30 graus, eles abdicassem do propósito. Determinados, os praieiros passaram a se cotizar para comprar caminhões pipas que os refrescam e, de quebra, possibilitam um espetáculo à parte para a mídia local e nacional.O resultado desse movimento: o poder municipal já admite discutir, rever a decisão. Mas a cidade não está livre deste tipo de aberração. Outros espaços públicos estão sendo fechados, cerceados ao uso da população.

Estão tentando proibir até desfiles de blocos carnavalescos, em pequenos trajetos. Proibir mesas e cadeiras em calçadas que ficam entregues ao tempo nos finais de semana, não fosse a perseverança de comerciantes e freqüentadores.Meus queridos, lancei em meu twitter a proposta que já teve considerável repercussão. Trata-se de um movimento de apropriação da cidade, de seus espaços: QUERO MINHA CIDADE PRA MIM! Cuidamos e amamos aquilo de que nos sentimos donos, partícipes, integradas. Amo Belo Horizonte e Minas Gerais que me adotaram, que me fizeram sentir e me tornaram uma igual. Digo: sou belo-horizontina e mineira. Quero, como os demais belo-horizontinos e mineiros usar e desfrutar dos espaços da cidade, de suas calçadas, de seus equipamentos, suas escolas.

Quero poder sair no Bloco do Peixoto que tentou percorrer pouco mais de uma quadra da Brasil 41 até o Lapa Multshow e foi barrado.Rejeito daqui desta tribuna, em nome da cidade, de Minas Gerais, a tentativa de amedrontamento. A montanha sempre está livre, senhores. Quero a minha cidade pra mim!.É o que eu tinha a dizer. Muito obrigada!”