Para Genoíno o PT amadureceu

"O PT rompeu com uma tradição da esquerda dos anos 30, 60 e 70 de ir para o isolamento e ser derrotado. Nem fomos para o isolamento e nem cooptados". A afirmação, em tom de reação, é do deputado federal José Genoíno, um dos ex-presidentes do Partido dos Trabalhadores no País. Para ele, a legenda é taxada de muitas formas por ter vida democrática intensa e estar construindo um projeto vitorioso e aprovado pelos brasileiros.

Genoíno, que participou de todos os momentos da vida partidária, disse, em entrevista ao Diário do Nordeste que o PT, ao contrário de muitos partidos de esquerda no mundo, amadureceu e teve que rever algumas posições para conseguir pôr em prática o plano de chegar à Presidência da República e crescer nacionalmente, embora o partido hoje sofra ao ser taxado de pragmático.

"O PT amadureceu, cresceu e teve a grande experiência de governar o Brasil. O PT não mudou de lado, ele aprendeu na rua, nas eleições, com vitórias e derrotas, que tem que ser o nascedouro de um programa democrático social para o País", disse Genoíno para rechaçar as críticas de que o PT teria mudado depois que chegou ao poder. "A vida vai mostrando que esse caminho do PT é processual, mas que tem um objetivo claro de mudar a vida do povo brasileiro", sustenta o parlamentar.

O que ficou entendido no fim da década de 1990, que não havia antes, foi a necessidade de ter, na democracia, disse ele, de se fechar alianças para chegar ao poder e ter governabilidade. E essa crítica em cima do fechamento de alianças duvidosas que o partido fez para chegar ao poder, o que era alvo de crítica dos petistas outrora, também teve uma explicação por parte do líder: "quando o PT não fazia aliança, os críticos diziam que o PT não sabia como governar. Hoje é criticado por fazer alianças. Hoje entendemos que as alianças são necessárias para ganhar e governar. Precisamos ter maioria no Congresso e na sociedade. Aliança é uma parceria, ela tem um programa".

Unanimidade

O avanço que o PT alcançou, segundo Genoíno, está no diálogo com partidos, não só de esquerda, mas dos que estão posicionados "mais ao centro", como é caso do PMDB. "Quando José Alencar foi indicado como vice do Lula muita gente criticou. Hoje ele é uma unanimidade", exemplificou.

Quando questionado sobre o caráter antagônico que tomou conta da sigla ao longo do tempo, em que o partido foi criticado pelo radicalismo antes e hoje é taxado pelo pragmatismo com o qual exerce o Governo, Genoíno argumentou que as tarefas da presidência da República obrigam o partido a negociar com diversos segmentos.

"Quando você é Governo, tem responsabilidades concretas que precisam ser resolvidas. O salário mínimo, as aposentadorias, a política externa, de defesa e industrial. Nós dialogamos com o mercado, com o investimento privado, mas sem abrir mão do papel adutor do Estado. Não se trata de pragmatismo. Mas o PT não é partido só para marcar posição", complementou o parlamentar, que é membro do diretório nacional petista.

Líderes

O ex-presidente nacional do PT destaca também a importância de participação de grandes expoentes nacionais do partido no Governo do presidente Lula, mesmo nos momentos de maior dificuldade, como em 2005, no escândalo do mensalão.

"Nós não cometemos crimes. Temos que realizar uma reforma profunda para que tenhamos mais governabilidade. Os militantes mais antigos como o José Dirceu, o Palocci, tiveram uma função histórica no partido: elegeram o Lula e deram governabilidade a ele".

Acrescentou que no PT, sempre que há uma missão, todos dão tudo de si, "se jogam". "São escolhas que se faz em nome de um projeto maior. E todos continuam fazendo parte deste projeto de cabeça erguida", disse, quando instado a falar sobre a saída de alguns membros petista do Governo depois de alguns escândalos nacionais. "E o partido vai forte para 2010", disse.

Fonte: Diário do Nordeste