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Obama recebe dalai lama e apoia "identidade" tibetana

Em um encontro realizado nesta quinta-feira (18) às portas fechadas na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama recebeu o separatista chinês dalai lama, que está em visita ao país a convite do governo americano.

Como era de se esperar, o governo americano desdobrou-se em elogios ao separatista. Obama disse dar "seu firme apoio à preservação da excepcional identidade religiosa, cultural e linguística e à proteção dos direitos humanos dos tibetanos na República Popular da China", segundo informou à mídia o porta-voz, Robert Gibbs.

O texto distribuído por Gibbs diz ainda que Obama elogiou a "estratégia" do separatista de "evitar a violência" e "buscar o diálogo" com o governo chinês. A visita coincide com o feriado do ano novo no país asiático. O dalai lama, inclusive, instruiu os tibetanos a não comemorarem o ano novo, afirmando que o gesto "é para honrar todos os que estão no Tibete".

Em março de 2008 os separatistas apoiados pelo dalai-lama e seus seguidores desataram ações terroristas em Lhasa, capital da Região Autônoma do Tibete, que resultaram no assassinato de 20 pessoas.

Os Estados Unidos iniciaram este ano uma campanha que visa pressionar e isolar a China, no âmbito de sua doutrina de dominância global. Obama começou a campanha anunciando a adoção de uma política rígida para reservar espaço no mercado chinês às exportações americanas.

Dias depois, o governo americano acusou a China de tentar violar sites do governo americano. No entanto, a atitude que mais provocou queixas do governo chinês foi Obama acertar a venda de armas à ilha rebelde de Taiwan, em um momento em que as duas partes do Estreito de Taiwan dialogavam e melhoravam suas relações bilaterais.

Petição de "ajuda"

Segundo assessores do separatista, a reunião serviria para pedir a Obama "ajuda na busca de uma solução para a questão do Tibete, benéfica tanto para os tibetanos quanto para os chineses", sem esclarecer, no entanto, que questão é essa.

O líder espiritual tibetano já esteve nos Estados Unidos outras vezes, em visitas consideradas provocativas. Em 2007, o então presidente George W. Bush renovou as provocações, ao receber o dalai lama na Casa Branca em um encontro público e conceder pessoalmente ao separatista a Medalha de Honra do Congresso dos Estados Unidos, que na época tinha maioria governista.

O embaixador chinês em Washington, Zhou Wenzhong, pediu ao governo americano que reconsiderasse a visita do separatista, solicitando também que os Estados Unidos ampliassem o diálogo em lugar do conflito, no tratamento das relações com a China.

"Esforçar-se por ser um parceiro é melhor que batalhar para ser um adversário", disse o representante chinês, em uma recepção de despedida do cargo realizada na quarta-feira em Washington.

Estreitar laços no que importa

De acordo com especialistas chineses, encontrar o separatista foi um passo "nada inteligente" de Obama, porque isso afetará negativamente os laços entre os dois países.

De acordo com Fred Teng, membro do Comitê Nacional das Relações EUA-China, "Obama deveria gastar mais tempo com os líderes chineses, focando questões mais importantes, ao invés de criar uma tensão momentânea com a recepção ao dalai lama".

"Precisamos de mais relações construtivas entre os Estados Unidos e a China, e isso seria positivo para ambos os povos", afirmou Teng, que também é presidente do Conselho de Relações da Comunidade Chinesa.

E a derrubada do rei havaiano?

Teng lembra um detalhe importante na história dos Estados Unidos: O Tibete é uma região chinesa muito anterior, por exemplo, à anexação do Havaí aos Estados Unidos. Lembra ele que o Congresso Americano aprovou uma lei que ficou conhecida, há tempos atrás, como a Resolução da Desculpa, que lamentava o papel do governo estadunidense na derrubada do reinado do Havaí em 1893.

"Entretanto, o Havaí permanece ainda parcela sólida da soberania americana. Como o governo americano reagiria se a China viesse um dia a apoiar um líder havaiano de algum movimento separatista?", pergunta ele.

"Considerando os dias de hoje, não é inteligente festejar um líder exilado e aumentar as críticas ao parceiro comercial mais importante dos Estados Unidos", afirma Teng.

Da redação, com agências internacionais