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Lula rejeita pressão dos EUA sobre visita ao Irã

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta sexta-feira (26), que não tem de prestar contas sobre sua visita ao Irã, prevista para maio, "a não ser ao povo brasileiro". "Não vejo nenhum problema em eu visitar o Irã e não terei de prestar contas a ninguém, a não ser ao povo brasileiro", disse o presidente, durante visita a El Salvador.

Com a declaração, o presidente reage às pressões dos Estados Unidos para que o governo brasileiro o acompanhe na sua inadmissível política de sanções contra o Irã. O presidente havia sido questionado sobre o encontro que terá, na próxima semana em Brasília, com a secretária de Estado americano, Hillary Clinton – e se essa reunião poderia resultar numa mudança de postura do governo brasileiro em relação ao Irã.

Segundo o presidente, a relação com os Estados Unidos é de respeito à soberania dos países.
"Os Estados Unidos nunca me pediram para viajarem a qualquer país, não têm que prestar contas a mim.Eles visitam quem querem e eu visito quem eu quero, dentro do respeito soberano de cada país", disse.

"O Irã é um país de 80 milhões de habitantes, é um país que tem uma base industrial importante, é um país que o Brasil tem a exportação de mais de US$ 1 bilhão e estou indo para o Irã como vou em qualquer país do mundo. Não tem nada", completou.

Acordo

O presidente Lula disse, no entanto, que "não concordará" com o governo iraniano, caso este decida ampliar seu programa nuclear para um enriquecimento de urânio acima de 20%. "O Irã estaria aí rompendo com o tratado que é feito por todos nós, nas Nações Unidas. E eu não poderia concordar", disse Lula.

Há duas semanas o governo iraniano deu início a um processo de enriquecimento de urânio a 20%, ponto a partir do qual a criação de uma arma nuclear torna-se mais próxima. Desde então, países encabeçados pelos Estados Unidos e França, vêm defendendo uma nova rodada de sanções econômicas a Teerã.

O governo brasileiro tem declarado ser contrário à idéia, com o argumento de que a medida dificultaria o diálogo com o Irã, resultando em um maior isolamento do país. O tema deverá se discutido durante a visita de Hillary ao Brasil.

Conversa com enviado dos EUA

O tema do Irã dominou a conversa desta sexta-feira (26) do subsecretário de Estado para Assuntos Políticos norte-americano, William Burns, com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. O chanceler brasileiro reiterou que a intenção do governo brasileiro é buscar um acordo para evitar o isolamento na comunidade internacional do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, segundo autoridades que acompanharam a reunião.

Burns e Amorim conversaram por cerca de uma hora. No encontro, o chanceler brasileiro reafirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a aproximação com o Irã e o direito de Ahmadinejad de desenvolver um programa nuclear desde que para fins pacíficos. Mais uma vez Amorim indicou a disposição brasileira em atuar na interlocução do Irã com o restante da comunidade internacional.

De acordo com assessores que acompanham o assunto, Amorim reiterou que o Brasil é favorável às pesquisas na área nuclear e à não proliferação de armas. Os diplomatas informaram que não houve um pedido direto do governo do presidente Barack Obama para o Brasil mudar de posição em relação ao Irã.

A visita de Burns antecede a vinda, no próximo dia 3, da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. A previsão é que no segundo semestre Obama venha ao Brasil. Porém, ao deixar Washington rumo a Brasília, o subsecretário veio com a intenção de obter o apoio brasileiro em relação à aplicação de sanções contra o Irã, de acordo com informações de assessores do Departamento de Estado norte-americano.

Com agências