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Brasil devolverá canhão apreendido durante a Guerra do Paraguai

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a devolução aos paraguaios do canhão "Cristão" — que o Brasil apreendeu em 1868, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). Segundo informou a colunista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, Lula comunicou a decisão nesta quarta-feira (3) ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, que cuidará das questões práticas da viagem de retorno do canhão.

A peça, considerada um “troféu de guerra”, está em exibição no Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro, e já causou desconfortos diplomáticos. Nesta semana, em discurso comemorativo aos 140 anos do fim do conflito, o vice-presidente do Paraguai, Federico Franco, afirmou que a “cicatrização do povo paraguaio” só começará depois que o Brasil devolver o canhão, além de um suposto arquivo militar.

Franco participou da cerimônia na condição de presidente em exercício — o chefe de Estado paraguaio, Fernando Lugo, estava no Uruguai e não se pronunciou. O ato em memória à guerra ocorreu na cidade de Cerro Corá, onde o ditador paraguaio Francisco Solano López foi morto por tropas brasileiras, dando fim ao conflito.

“O meu país nunca vai cicatrizar a ferida da epopeia de 1865 a 1870 se o Brasil não devolver o arquivo militar que injustificadamente retém hoje, como também o canhão Cristão, que devem retornar ao Paraguai para que se inicie a cicatrização do nosso povo”, afirmou Franco. Para o vice-presidente, é “incrível” que o Brasil ainda mantenha troféus da guerra.

O canhão Cristão recebeu esse nome porque foi construído a partir de sinos de igreja. A arma foi apreendida em fevereiro de 1868, quando o Brasil tomou a fortaleza de Humaitá, no rio Paraguai. Já um arquivo militar provavelmente não existe, garante o historiador Francisco Doratioto, autor do livro Maldita Guerra — um dos estudos mais importantes sobre o período.

Da Redação, com agências