George Câmara: Dia da Mulher – Há 100 anos no calendário da luta

Graças à atuação determinada de um número cada vez mais elevado de mulheres no Brasil e por todo o planeta, o Dia Internacional da Mulher vem se tornando a cada ano mais conhecido por todas as gerações. É muito comum abordarmos a juventude nas escolas e constatarmos, com alegria, o seu conhecimento acerca do Dia 8 de Março e do significado histórico dessa data.

E mais: as pessoas vão se conscientizando acerca da justeza da luta das 129 operárias no longínquo março de 1857, durante uma greve por justas reivindicações, quando aquelas mulheres foram queimadas vivas pelos patrões dentro da fábrica Nova Iorque Cotton Mais uma das inúmeras atrocidades que o capital tem patrocinado nestes últimos quatro séculos pelo mundo afora. No seu ódio de classe, o patronato não titubeou em “destruir” o próprio patrimônio, em troca de aplicar um corretivo ao “atrevimento” daquelas trabalhadoras.

Em 1910, no Congresso das Mulheres Socialistas realizado em Copenhague, na Dinamarca, a comunista Clara Zetkin apresentou a proposta que, prontamente referendada, passou a se incorporar ao calendário da luta de todos os povos contra a opressão de classe, bem como as demais injustiças e todo o tipo de discriminação.

Por mais que a historiografia oficial procure esconder, a luta das mulheres no combate às injustiças tem sido a responsável pelos avanços obtidos no tocante às relações sociais ao longo da história.

Segundo a Secretária da Mulher da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, a dirigente sindical Abigail Pereira, “gerações de mulheres combateram a exploração capitalista e a discriminação de gênero, muitas vezes sob as mais violentas formas de opressão, obtendo conquistas de grande vulto, que mudaram radicalmente o papel desempenhado pela mulher na sociedade na busca da superação dos conceitos históricos de inferioridade e submissão ao homem, ao mesmo tempo em que abriram caminho para a compreensão das causas da opressão de gênero”.

Inseridas nesse contexto mais geral da luta das mulheres e de todo o povo, as brasileiras contabilizam uma trajetória de avanços e conquistas em suas lutas. Asseguraram o direito ao voto, à inserção no mercado de trabalho, lutaram pela democracia no longo período da ditadura militar. Participaram da luta pelos direitos humanos e se destacaram na batalha contra a violência de gênero, o desemprego e a precarização do modelo neoliberal. Ocuparam as ruas e foram às urnas exigindo a igualdade na lei e na vida.

Nessa trajetória mais recente, muitas conquistas obtidas, destacando-se: a ampliação da licença maternidade, a proibição da discriminação sexual no trabalho, o direito à posse da terra em nome na mulher do campo, a Lei Maria da Penha para enfrentar a violência doméstica, a reforma do Código Civil, entre outras.

Entretanto, apesar do crescimento da presença no mercado de trabalho e da elevação do nível de escolaridade, persistem ainda muitos problemas a superar, como a desigualdade salarial, a dupla jornada de trabalho, o assédio moral e sexual, além da violência e da opressão cotidiana.

Estas e outras questões podem, todavia, ser superadas com a participação de mulheres e homens juntos no combate ao sistema capitalista e na construção de um novo modelo econômico, político e social sem fome, sem miséria, sem excluídos e sem opressão, capaz de oferecer à humanidade uma vida digna e a verdadeira igualdade entre os seres humanos: a sociedade socialista. Viva o 8 de Março! Viva a luta das Mulheres!
 

George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB www.georgecamara.com.br