Ceasa: Produtores apreensivos com mudanças e preços das diárias
A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) foi hoje porta-voz das demandas e apreensões dos agricultores mineiros que comercializam seus produtos no Mercado Livre dos Produtores (MLP) da CeasaMinas, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Publicado 05/03/2010 10:30 | Editado 04/03/2020 16:50

Durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, a parlamentar relatou sua participação na abertura do Seminário Contra a Fome, feita pelo ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Antes da solenidade, os convidados visitaram o MLP, quando Jô Moraes ouviu de produtores seus temores e demandas.
O preço das diárias pagas para venda dos produtos – espaços de 1,5m por 3 metros – é de R$ 8,00 de segunda a sexta e nos finais de semana, por conta da chamada “reserva técnica” sobe para R$ 13,00. Reclamações relativas à limpeza, temor da implantação de um sistema de débito/crédito, que exige a especificação do volume a ser comercializado e até mesmo as precárias condições das estradas da zona rural, foram outros problemas apontados.
Além de participar do Seminário Contra a Fome, Patrus Ananias homenageou, foi homenageado com o Grande Colar Victor de Andrade Brito e inaugurou o Banco Popular do Brasil. Na instituição bancária, o cidadão poderá pagar suas contas de água, luz, telefone e títulos públicos. Já os pequenos produtores terão condições especiais para abrir contas, disse.
Para o ministro, o banco, assim como outros instrumentos mantidos pelo governo, como restaurantes populares e cozinhas comunitárias são aliados nas políticas de erradicação da fome e da miséria.
Pronunciamento
Aqui, a íntegra do discurso da deputada federal Jô Moraes nesta manhã, na tribuna da Câmara dos Deputados:
“Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, ontem estive na unidade das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A, a CeasaMinas, da cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se do terceiro entreposto que mais vende hortigranjeiros no País. A CeasaMinas tem outras cinco unidades e comercializa ainda cereais e produtos de industrialização alimentícios e não-alimentícios da ordem de R$ 3,3 bilhões anuais, ofertando 2,77 milhões e toneladas.
Fui lá participar da abertura do Seminário Contra a Fome, feita pelo nosso Ministro Patrus Ananias que também inaugurou o Banco Popular do Brasil. Patrus ainda entregou certificados aos representantes de doadores e entidades beneficentes e parceiros do Programa Prodal Banco de Alimentos e foi homenageado com o Grande Colar Victor de Andrade Brito. Um reconhecimento por sua contribuição nesta grande tarefa de acabar com a fome e a miséria.
Quero desta tribuna cumprimentar nosso Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que é da minha terra, Minas Gerais pelas iniciativas. Pelas parcerias e investimentos que permitem a existência do Prodal Banco de Alimentos um projeto de solidariedade social e contra o desperdício, recebendo e distribuindo alimentos a entidades que atendem pessoas em situação de risco alimentar, como bem destacou o Presidente da CeasaMinas, João Alberto Paixão Lages.
Senhores, antes do Seminário contra a Fome, visitamos eu, o Ministro Patrus, Prefeitos, Deputados Federais e estaduais, Vereadores e dirigentes de instituições ,
o Mercado Livre dos Produtores, o MLP. Lá, ouvimos muitas demandas e pudemos sentir um clima de apreensão, que depois me foi verbalizado.
Os produtores mineiros que comercializam sua produção diretamente no Mercado Livre da CeasaMinas, se mostram apreensivos com a série de regras que lhe estão sendo impostas. Há o temor de paulatinamente serem retirados do local.
O chamado pessoal da pedra, gente que luta contra toda série de vicissitudes para colocar o produto essencial em nossa Mesa o alimento reclama do alto preço da diária paga pelo local onde vende sua produção. O espaço de 1,5m por 3 metros, durante a semana tem diária de R$ 8,00 e nos finais de semana, por conta da chamada reserva técnica, este valor sobe para R$ 13,00.
O fato de os espaços serem bem pequenos, carentes de lixeiras e de outros instrumentos que tornam o trabalho menos desgastante, também foi apontado pelos produtores de frutas, hortaliças e legumes da vasta extensão territorial de Minas Gerais como problema a ser superado.
A necessidade de obras de infra-estrutura básica, em especial das vias de acesso às regiões rurais de nosso Estado, como a MG-20 no trecho que leva a Bambuzal, ou a Boa Vista, entre muitos; e de incentivos para a compra de maquinário que aumente e otimize a produção foram outras demandas apresentadas.
Quero aproveitar esta oportunidade para fazer um apelo não só à CeasaMinas mas também à Emater para que abram um canal de conversações com nossos agricultores, que se mostram apreensivos com a implantação do débito/crédito. Um sistema que exige dos produtores uma especificação que consideram difícil de ser viabilizada nos moldes em que se configura. Ou seja, que declarem a quantidade exata de mercadoria que pretendem comercializar. A maioria considera impossível estimar a produção de forma tão específica, já que o próprio transporte, as condições das vias e as características das propriedades, muitas vezes são empecilhos à discriminação tão criteriosa.
A lavoura foi, é e será sempre a nossa salvação. A salvação de Minas, do Brasil, do mundo globalizado ou não. Precisamos do alimento essencial. Precisamos dos produtores rurais. Precisamos apoiar e incentivar os trabalhadores e trabalhadoras que sustentam a vida neste Planeta.
Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigada.”
De Belo Horizonte,
graça Gomes