Ceasa: Produtores apreensivos com mudanças e preços das diárias

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) foi hoje porta-voz das demandas e apreensões dos agricultores mineiros que comercializam seus produtos no Mercado Livre dos Produtores (MLP) da CeasaMinas, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Jo Moraes

Durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, a parlamentar relatou sua participação na abertura do Seminário Contra a Fome, feita pelo ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Antes da solenidade, os convidados visitaram o MLP, quando Jô Moraes ouviu de produtores seus temores e demandas.

O preço das diárias pagas para venda dos produtos – espaços de 1,5m por 3 metros – é de R$ 8,00 de segunda a sexta e nos finais de semana, por conta da chamada “reserva técnica” sobe para R$ 13,00. Reclamações relativas à limpeza, temor da implantação de um sistema de débito/crédito, que exige a especificação do volume a ser comercializado e até mesmo as precárias condições das estradas da zona rural, foram outros problemas apontados.

Além de participar do Seminário Contra a Fome, Patrus Ananias homenageou, foi homenageado com o Grande Colar Victor de Andrade Brito e inaugurou o Banco Popular do Brasil. Na instituição bancária, o cidadão poderá pagar suas contas de água, luz, telefone e títulos públicos. Já os pequenos produtores terão condições especiais para abrir contas, disse.
 
Para o ministro, o banco, assim como outros instrumentos mantidos pelo governo, como restaurantes populares e cozinhas comunitárias são aliados nas políticas de erradicação da fome e da miséria.

Pronunciamento

Aqui, a íntegra do discurso da deputada federal Jô Moraes nesta manhã, na tribuna da Câmara dos Deputados:

“Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, ontem estive na unidade das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A, a CeasaMinas, da cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se do terceiro entreposto que mais vende hortigranjeiros no País. A CeasaMinas tem outras cinco unidades e comercializa ainda cereais e produtos de industrialização alimentícios e não-alimentícios da ordem de R$ 3,3 bilhões anuais, ofertando 2,77 milhões e toneladas.

Fui lá participar da abertura do Seminário Contra a Fome, feita pelo nosso Ministro Patrus Ananias que também inaugurou o Banco Popular do Brasil. Patrus ainda entregou certificados aos representantes de doadores e entidades beneficentes e parceiros do Programa Prodal Banco de Alimentos e foi homenageado com o Grande Colar Victor de Andrade Brito. Um reconhecimento por sua contribuição nesta grande tarefa de acabar com a fome e a miséria.

Quero desta tribuna cumprimentar nosso Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que é da minha terra, Minas Gerais pelas iniciativas. Pelas parcerias e investimentos que permitem a existência do Prodal Banco de Alimentos um projeto de solidariedade social e contra o desperdício, recebendo e distribuindo alimentos a entidades que atendem pessoas em situação de risco alimentar, como bem destacou o Presidente da CeasaMinas, João Alberto Paixão Lages.

Senhores, antes do Seminário contra a Fome, visitamos eu, o Ministro Patrus, Prefeitos, Deputados Federais e estaduais, Vereadores e dirigentes de instituições ,
o Mercado Livre dos Produtores, o MLP. Lá, ouvimos muitas demandas e pudemos sentir um clima de apreensão, que depois me foi verbalizado.

Os produtores mineiros que comercializam sua produção diretamente no Mercado Livre da CeasaMinas, se mostram apreensivos com a série de regras que lhe estão sendo impostas. Há o temor de paulatinamente serem retirados do local.

O chamado pessoal da pedra, gente que luta contra toda série de vicissitudes para colocar o produto essencial em nossa Mesa o alimento reclama do alto preço da diária paga pelo local onde vende sua produção. O espaço de 1,5m por 3 metros, durante a semana tem diária de R$ 8,00 e nos finais de semana, por conta da chamada reserva técnica, este valor sobe para R$ 13,00.

O fato de os espaços serem bem pequenos, carentes de lixeiras e de outros instrumentos que tornam o trabalho menos desgastante, também foi apontado pelos produtores de frutas, hortaliças e legumes da vasta extensão territorial de Minas Gerais como problema a ser superado.

A necessidade de obras de infra-estrutura básica, em especial das vias de acesso às regiões rurais de nosso Estado, como a MG-20 no trecho que leva a Bambuzal, ou a Boa Vista, entre muitos; e de incentivos para a compra de maquinário que aumente e otimize a produção foram outras demandas apresentadas.

Quero aproveitar esta oportunidade para fazer um apelo não só à CeasaMinas mas também à Emater para que abram um canal de conversações com nossos agricultores, que se mostram apreensivos com a implantação do débito/crédito. Um sistema que exige dos produtores uma especificação que consideram difícil de ser viabilizada nos moldes em que se configura. Ou seja, que declarem a quantidade exata de mercadoria que pretendem comercializar. A maioria considera impossível estimar a produção de forma tão específica, já que o próprio transporte, as condições das vias e as características das propriedades, muitas vezes são empecilhos à discriminação tão criteriosa.

A lavoura foi, é e será sempre a nossa salvação. A salvação de Minas, do Brasil, do mundo globalizado ou não. Precisamos do alimento essencial. Precisamos dos produtores rurais. Precisamos apoiar e incentivar os trabalhadores e trabalhadoras que sustentam a vida neste Planeta.

Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigada.”

De Belo Horizonte,
graça Gomes