Metrô Rio: uma cena aparentemente comum, mas que não é normal

No dia 4 de março, na assembleia do Sindicato dos Metroviários do Rio de Janeiro, dois participantes chamavam a atenção. Eles estavam juntos no lado esquerdo da fila da frente, mas nenhum dos dois votou em nenhuma proposta, nem sim, nem não ou abstenção. Poucas vezes dirigiram a palavra a algum outro metroviário presente na assembleia.

De acordo com um Diretor do Sindicato ouvido por outros presentes na assembleia, eram empregados do Corpo de Segurança do Metrô Rio, e que eram da área de “inteligência”.

Este grupo de “inteligência” trabalha a paisana, sem uniforme, e seu chefe, ou coordenador, se reporta diretamente ao presidente da empresa, José Gustavo.

Algum tempo atrás, um membro deste grupo deteve um usuário do Metrô que considerou suspeito e o interrogou em uma sala de uma estação. O caso ganhou a imprensa, porque foi configurado o delito de cárcere privado e maus tratos a um passageiro. O empregado do Metrô que personificou o incidente foi identificado e reconhecido como membro da Política Militar do Rio de Janeiro. Segundo se sabe, ele foi demitido e expulso da PM.

A empresa Metrô Rio é bem conhecida por suas atitudes anti-sindicais e já demitiu quatro diretores do Sindicato dos Metroviários. No último caso, a demissão foi motivada pela inspeção as instalações do Metrô por um membro do Ministério Público acompanhado pelo deputado estadual Alessandro Molon (PT-RJ), que foram acompanhados pelo diretor França, que é empregado da Metrô Rio.

Como se trata de um membro da diretoria executiva do Sindicato, com garantia de emprego dada pela CLT, a empresa recorreu a uma alegação de justa causa, mas a retaliação política é evidente. A empresa é alvo de críticas por parte da imprensa e da população pelos sucessivos problemas que vem apresentando na prestação dos seus serviços.

Este é mais uma conseqüência nefasta da privatização patrocinada pela gestão tucana a frente do Governo do Estado: além das mazelas das empresas privatizadas, a privatização trás de volta as práticas repressivas da Ditadura, com um SNI particular.